Trump considera veredicto “uma vergonha” após ser considerado responsável por agressão sexual

Donald Trump denunciou hoje um “veredicto vergonhoso” depois do ex-presidente dos EUA ter sido considerado responsável por agressão sexual sobre a colunista E. Jean Carroll, por um tribunal civil federal em Nova Iorque.

O magnata republicano insistiu, após ter sido divulgada a deliberação de um júri, que não conhecia a denunciante.

“Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é essa mulher”, realçou o ex-presidente norte-americano na sua rede social Truth Social.

Além de considerar o veredicto “uma vergonha”, o republicano, já candidato assumido às primárias do seu partido para as presidenciais de 2024, destacou que esta é “a continuação da maior caça às bruxas de todos os tempos”.

Trump nunca compareceu no julgamento e rejeitou um convite para testemunhar.

A decisão foi anunciada pelas 15:00 (20:00 em Lisboa) depois dos jurados terem chegado a uma deliberação em menos de três horas.

O tribunal de Manhattan também decidiu que Trump deve pagar cerca de 5 milhões de dólares em danos por aquela agressão sexual e por difamação após a revelação dos factos por Carroll em 2019.

Esta é a primeira vez que Trump é condenado após deixar a presidência do país, embora em janeiro a sua empresa, a Trump Organization, tenha sido condenada a pagar 1,61 milhões de dólares por um esquema de evasão fiscal.

Carroll, uma das mais de uma dúzia de mulheres que acusaram Trump de agressão ou assédio sexual, veio a público em 2019 alegando que o magnata republicano a violou em 1996 num vestiário de uma loja em Manhattan.

Trump, de 76 anos, optou por não comparecer no julgamento civil, mas disse que nunca encontrou Carroll, de 79 anos, na loja e não a conhecia.

O ex-presidente norte-americano acusou-a ainda de ser uma “maluca” que inventou “uma história fraudulenta e falsa” para vender um livro de memórias.

Durante o julgamento assistiu-se a alegações de comportamento inadequado de Trump com mulheres e à reprodução do vídeo “Access Hollywood”, no qual Trump se gabava de agarrar os órgãos genitais das mulheres sem pedir autorização.

Natasha Stoynoff, uma antiga redatora da revista People, testemunhou, entre lágrimas, que Trump a beijou à força, contra a sua vontade, enquanto lhe mostrava a sua propriedade de Mar-a-Lago, logo após o Natal de 2005, para um artigo sobre o seu primeiro aniversário de casamento com a terceira mulher, Melania.

Antes do julgamento, os advogados de Trump não conseguiram impedir que os jurados vissem o vídeo do “Access Hollywood” e ouvissem Stoynoff, que disse ter contado a poucas pessoas sobre o alegado incidente na altura, mas que decidiu vir a público depois de ver o vídeo e as subsequentes negações de Trump num debate de 2016.

Trump negou que alguma vez tenha tentado beijar Stoynoff.

O testemunho de Stoynoff ocorreu um dia depois de outra mulher, a antiga corretora da bolsa Jessica Leeds, ter testemunhado que Trump lhe apalpou os seios e tentou enfiar a mão na sua saia quando estavam sentados lado a lado num voo de uma companhia aérea no final dos anos 70.

Carroll manteve as alegações contra Trump em segredo durante 17 anos, contando apenas a dois amigos próximos, antes de as tornar públicas num livro de memórias de 2019.

Os advogados de Trump atacaram a credibilidade de Carroll através de um exaustivo contra-interrogatório, questionando porque é que não gritou por ajuda durante o alegado ataque e porque é que nunca foi à polícia.

Um psicólogo que testemunhou a favor de Carroll disse que é comum as vítimas de violação ficarem em silêncio e culparem-se a si próprias.

DMC (JMC) // RBF

Lusa/Fim

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