Steve Bannon confiante após ser declarado culpado por desobediência ao Congresso dos EUA

Steve Bannon, ex-estratega de Donald Trump considerado culpado de desobediência criminosa ao Congresso dos EUA, no âmbito da investigação do ataque ao Capitólio, manifestou esta sexta-feira confiança de que irá ganhar o processo em tribunal.

À saída do triunfal, após ouvir o veredicto, Bannon, de 68 anos, destacou, em declarações aos jornalistas, que não irá perder “a guerra”.

“Podemos ter perdido a batalha aqui hoje. [Mas] não vamos perder esta guerra”, assegurou.

O ex-estratega de Trump agradeceu ainda aos jurados pelo seu serviço e referiu que teve apenas uma deceção: “esses são os membros covardes daquele comité de julgamento, que não teve coragem de vir aqui e testemunhar”.

Também David Schoen, um dos advogados de Bannon, argumentou do lado de fora do tribunal que o veredicto não será válido.

“Esta é a primeira ronda. Vocês vão ver que este caso será revertido no recurso”, apontou.

Considerado culpado nas duas acusações de desobediência pelas quais foi julgado, Bannon enfrenta uma sentença mínima de trinta dias de prisão.

Steve Bannon está acusado de ter ignorado uma intimação para testemunhar e fornecer documentos à comissão parlamentar que investiga o assalto ao Capitólio, ocorrido em 06 de janeiro de 2021.

A leitura da sentença foi marcada para 21 de outubro. A pena máxima é de um ano de prisão para cada uma das duas acusações, bem como multas entre 100 a 100 mil dólares.

O veredicto foi anunciado pouco mais de três horas depois do início das deliberações do júri, composto por nove homens e cinco mulheres, num julgamento presidido em Washington, D.C. pelo juiz Carl Nichols.

Bannon, de 68 anos, é uma das principais figuras do populismo de direita nos Estados Unidos e foi o fundador do polémico site noticioso Breitbart, centro de difusão de informação da “direita alternativa” (“alt right”), um movimento associado a teses conspiratórias e que integra militantes de causas de supremacia da raça branca.

Dirigiu a bem-sucedida campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e, após as eleições, tornou-se conselheiro presidencial.

Mesmo depois de ter saído da Casa Branca em agosto de 2017, Bannon manteve-se próximo de Donald Trump e conversou com o ex-presidente no dia anterior ao ataque de 06 de janeiro de 2021 à sede do Congresso, em Washington.

O interesse da comissão em Steve Bannon deveu-se ao seu trabalho junto de Trump quando este ocupava a Casa Branca, os laços que manteve com o ex-presidente e o que disse no seu podcast, “War Room”, no período que antecedeu o ataque ao Capitólio.

Os 14 elementos do júri só ouviram testemunhas da acusação e analisaram apenas as provas submetidas pela procuradora Amanda Vaughn. Foram instruídos a desligarem da comunicação social na quinta-feira, para não assistirem à oitava audiência pública sobre o assalto ao Capitólio, que foi transmitida em horário nobre.

Bannon não testemunhou nem apresentou provas da sua defesa no julgamento e o advogado Evan Corcoran argumentou perante o tribunal, na quinta-feira, que o Departamento de Justiça não tinha apresentado provas suficientes para justificar a condenação criminal do arguido, depois de este ter ignorado a intimação para fornecer informações até 07 de outubro de 2021 e testemunhar até 14 desse mês sobre o assalto ao Capitólio.

Steve Bannon declarou-se inocente do crime de desobediência ao Congresso e Corcoran informou o juiz Carl Nichols de que ele não iria testemunhar nem seriam apresentadas provas de apoio à defesa, visto que o ónus da prova residia na acusação.

Corcoran argumentou que o líder da comissão parlamentar, Bennie Thompson, deveria ter sido compelido a testemunhar no caso contra Bannon. Schoen disse que a ausência desse testemunho prejudicou a defesa do arguido.

DMC (ARYG/PDF) // RBF

Lusa/Fim

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