Luso-brasileiros esperam que eleitos para Conselho das Comunidades aumentem representatividade

Os eleitores luso-brasileiros que foram hoje ao Consulado-Geral de Portugal em São Paulo esperam que os novos Conselheiros das Comunidades Portuguesas (CCP) aumentem a representatividade no Brasil.

Mais de 233 mil portugueses podem ir às urnas hoje de norte a sul do Brasil para escolher 11 conselheiros das comunidades portuguesas no país.

São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba, Santos e Belém serão as cidades que no domingo vão eleger os próximos conselheiros das comunidades portuguesas no Brasil.

José Manuel Dias Bittencourt, de 75 anos, contou à Lusa que participa sempre as eleições para os Conselheiros das Comunidades Portuguesas porque é “um dever escolher as pessoas para representar a comunidade luso-brasileira em Portugal.”

“É no Conselho [das Comunidades] que nós vamos eleger as pessoas que vão levar as nossas reivindicações, os nossos projetos lá ao Governo português. A prioridade sempre é o maior intercâmbio entre os imigrantes e com Portugal, porque na verdade, esse Conselho vai representar a imigração e pode ajudar a melhorar a situação dos portugueses aqui no Brasil”, afirmou.

Segundo o luso-brasileiro, a comunidade da maior cidade do país sul-americano espera os conselheiros eleitos neste domingo trabalhem para facilitar o atendimento no Consulado porque percebe que ainda há “uma dificuldade muito grande” no atendimento que considerou “deixar muito a desejar” principalmente no que se refere a acesso a direitos como o “auxílio-doença.”

O português Daniel Soares Filho, de 75 anos, também presente na votação, avaliou que os principais anseios da comunidade de São Paulo é conseguir maior celeridade no acesso a serviços como os pedidos de dupla cidadania, por exemplo, cujo atendimento acredita necessitar de “pouco mais de infraestrutura que talvez esteja faltando”.

“Espero que os Conselheiros eleitos possam atuar para, quem sabe, reunir mais a comunidade, promover mais eventos comuns (…) Aumentar a interatividade das pessoas da comunidade é uma tarefa importante para os novos conselheiros e essa é a minha expectativa em relação aos eleitos”, explicou.

Já o luso-brasileiro Júlio Miranda, de 68 anos, disse acreditar que os conselheiros precisam atuar para aumentar a representatividade da comunidade e defender a imagem de Portugal no Brasil.

Ele se referiu especificamente a uma fala do atual ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino, que numa resposta a uma denúncia de xenofobia sofrida por uma brasileira num aeroporto de Portugal disse em que o Brasil poderia repatriar seus nacionais que estão em Portugal se em troca o país realizasse a devolução do ‘ouro’ retirado durante o período colonial.

Para Júlio Miranda, não houve resposta adequada dos representantes da comunidade portuguesa nem da diplomacia de Portugal naquele episódio.

“Espero uma representatividade maior da comunidade no Brasil, principalmente no que se refere a uma atuação para diminuir um acirramento político desnecessário”, afirmou.

Miranda acrescentou que espera que os Conselheiros atuem na promoção de um apaziguamento nas relações diplomáticas entre Brasil e Portugal e que defendam “a imagem da comunidade de Portugal” já que considera que os luso-brasileiros são “muito dóceis, então, nós também que também temos problemas de xenofobia” no país sul-americano.

A cidade de São Paulo, a maior da América do Sul, é também aquela com o maior número de eleitores: 108.888 inscritos nos postos consulares, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Ainda assim, e apesar de serem eleitos quatro conselheiros neste circulo eleitoral, existe apenas uma lista que vai a eleições.

Teresa Pires Morgado, a atual conselheira, António dos Santos Gomes, Beatriz Pereira e Armandinho Torrão, que compõem a lista única, deverão ser eleitos.

Depois da alteração da lei que regulamenta o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), em agosto, a cidade de São Paulo passou de três para quatro conselheiros.

Os 90 membros do CCP são eleitos através de 52 círculos eleitorais referentes a países nos quatro continentes onde residem portugueses e lusodescendentes, existindo alguns Estados, como o Brasil, Estados Unidos ou França, com vários círculos.

As listas candidatas foram apresentadas até ao passado dia 06 de novembro e os eleitos serão escolhidos pelos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro maiores de 18 anos e inscritos nos cadernos eleitorais para a Assembleia da República.

As votações decorrerão entre as 08:00 e as 19:00 do país em que decorre o ato eleitoral, estando o apuramento geral previsto para o período entre as 09:00 da próxima terça-feira e o dia 12 de dezembro.

CYR (SSM/MIM) // APN

Lusa/Fim

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