Demissão de McCarthy no Congresso paralisa Câmara e divide Republicanos

Pela primeira vez na história dos EUA, o ‘speaker’ do Congresso foi afastado numa moção de censura aprovada pelos dois partidos, que deixa a Câmara de Representantes paralisada e os Republicanos ainda mais divididos, sem sucessão à vista.

O líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, foi afastado do cargo, após uma votação histórica promovida pela ala mais radical do Partido Republicano, que o acusou de estar a ser conivente com o Presidente Democrata Joe Biden.

Os Democratas no Congresso, contudo, juntaram-se às oito vozes mais radicais do Partido Republicano e determinaram o destino de McCarthy, que já anunciou que não se irá recandidatar a uma nova eleição.

Para já, o lugar fica vaga, restringindo a capacidade legislativa da Câmara de Representantes, no delicado momento em que o Congresso tem pouco mais de 40 dias para evitar uma nova ameaça de falta de financiamento para fazer funcionar o Governo, por falta de entendimento entre os dois partidos sobre o alargamento do défice dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, a crise no Congresso aprofunda as divisões dentro do Partido Republicano, que já assumiu não ter uma solução pacífica para substituir McCarthy como líder da maioria na Câmara.

Na lista de eventuais candidatos à substituição apareceu mesmo o nome do ex-Presidente Donald Trump, que, embora já tinha dito que não está interessado no lugar (preferindo manter a sua aposta na recandidatura presidencial, apesar de o regulamento do Congresso permitir que o cargo seja exercido por uma pessoa não eleita para a Câmara), não deixará de aproveitar a ocasião para dar protagonismo à ala mais radical de quem é próximo.

Matt Gaetz – que foi um dos Republicanos que promoveu a moção de censura a McCarthy – anunciou que irá apoiar o nome de Steve Scalise, do estado do Louisiana, que é atualmente o número dois do partido na Câmara.

Contudo, este nome dificilmente terá o apoio do setor mais moderado dos Republicanos, que estão em maioria e preferem ver uma figura que possa apelar a um espetro político mais alargado, em declarações que já suscitaram o aparecimento de nomes como Tom Emmer, do Minnesota, ou Patrick McHenry, da Carolina do Norte.

Se a opção Republicana for para alguém que possa também dialogar informalmente com os Democratas, a opção poderá recair sobre Elise Stefanik, que tem o apoio dos moderados apesar de ser um nome apontado para um eventual novo Governo de Donald Trump.

RJP //APN

Lusa/Fim

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