Ucrânia: Rússia visa aeroportos e refinarias, EUA e UE enviam mais armas e reforçam sanções

A Rússia lançou ataques contra aeródromos e refinarias ucranianas, com os EUA e a UE a responderem com o envio de armas e munições para a Ucrânia e reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

Enormes explosões iluminaram o céu no início de hoje a sul da capital, Kiev, onde as pessoas se abrigam nas suas casas e espaços subterrâneos para se protegerem de um ataque em grande escala por parte das forças russas.

Um depósito de petróleo perto do aeroporto de Zhuliany, a cerca de 40 quilómetros a sul da capital, está em chamas, atingido num ataque russo, segundo o gabinete do Presidente, Volodymyr Zelensky, e o presidente da câmara da cidade vizinha de Vasylkiv.

O gabinete de Zelensky também disse que as forças russas fizeram explodir outras instalações de combustível em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, levando o governo a avisar as pessoas para se protegerem do fumo, cobrindo as janelas com panos húmidos.

As forças ucranianas mantêm as suas posições e os combates decorrem “nos mesmos locais de há três dias”, disse hoje o assessor presidencial ucraniano Mikhail Podoliak.

Homens, mulheres e crianças aterrorizados procuraram segurança dentro das casas e em espaços subterrâneos, e o Governo manteve um recolher obrigatório de 39 horas para manter as pessoas fora das ruas.

Mais de 150.000 ucranianos fugiram para a Polónia, Moldávia e outros países vizinhos, e as Nações Unidas avisaram que o número poderia aumentar para quatro milhões se os combates se intensificassem.

O Presidente russo, Vladimir Putin, não revelou os seus planos finais, mas as autoridades ocidentais acreditam que está determinado a derrubar o Governo da Ucrânia e substituí-lo por um regime pró-russo, redesenhando o mapa político da Europa e reavivando a influência que Moscovo tinha na era da Guerra Fria.

Para ajudar a Ucrânia a resistir, EUA e outros países europeus prometeram o reforço da ajuda militar à Ucrânia, com a Alemanha a fechar o espaço aéreo aos aviões russos.

Os EUA, a União Europeia e o Reino Unido concordaram em bloquear bancos russos do sistema global de transações financeiras SWIFT, que movimenta dinheiro em torno de mais de 11.000 bancos e outras instituições financeiras em todo o mundo, parte de uma nova ronda de sanções que visam Moscovo, prometendo ainda impor “medidas restritivas” ao banco central da Rússia.

O Ministério da Defesa britânico afirmou que “a velocidade do avanço russo abrandou temporariamente, como resultado provável de dificuldades logísticas agudas e de uma forte resistência ucraniana”.

Um alto funcionário da defesa dos EUA disse que mais de metade da potência de combate russa que se encontrava concentrada ao longo das fronteiras da Ucrânia tinha entrado no país e que Moscovo teve de comprometer mais combustível e outras unidades de apoio dentro da Ucrânia do que inicialmente previsto.

Pequenos grupos de tropas russas foram detetadas dentro de Kiev, mas o Reino Unido e os EUA disseram que o grosso das forças estava a 30 quilómetros do centro da cidade, na tarde de sábado.

A Rússia afirma que o seu ataque à Ucrânia a partir do norte, leste e sul visa apenas alvos militares, mas pontes, escolas e bairros residenciais foram atingidos.

O ministro da saúde da Ucrânia informou no sábado que 198 pessoas, incluindo três crianças, tinham sido mortas e mais de 1.000 outras ficaram feridas durante a maior guerra terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Um míssil atingiu um edifício de apartamentos no sudoeste de Kiev, perto de um dos dois aeroportos da cidade. Um socorrista disse que seis civis ficaram feridos.

A embaixadora da Ucrânia nos EUA, Oksana Markarova, afirmou que as tropas em Kiev estavam a combater “grupos de sabotagem” russos. A Ucrânia garantiu que cerca de 200 soldados russos foram capturados e milhares mortos.

Markarova disse que a Ucrânia estava a recolher provas de bombardeamentos de áreas residenciais, jardins de infância e hospitais para as submeter a Haia como possíveis crimes contra a humanidade.

Zelensky reiterou a sua abertura às conversações com a Rússia numa mensagem de vídeo, dizendo que saudava uma oferta da Turquia e do Azerbaijão para organizarem esforços diplomáticos.

O Kremlin confirmou um telefonema entre Putin e o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, mas não deu qualquer pista sobre o reinício das conversações. Um dia antes, Zelensky ofereceu-se para negociar a principal exigência russa: abandonar as ambições de aderir à NATO.

JMC // VQ

Lusa/Fim

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