Trump escolhe mais uma estrela de TV para gerir programas federais de saúde

O futuro Presidente dos EUA, Donald Trump, foi buscar um polémico médico, que ficou conhecido por uma carreira em programas televisivos, para administrar as agências que gerem os mais importantes programas federais de saúde.

Com 64 anos, Oz é um cirurgião cardiotorácico, formado em Harvard e com doutoramento em Medicina pela Universidade da Pensilvânia, que se tornou uma figura nacional ao aparecer regularmente no programa televisivo de Oprah Winfrey, antes de lançar o seu próprio ‘talk show’, “The Dr. Oz Show”, em 2009, que se tornou popular e ganhou vários prémios.

Apesar de sua fama, Oz enfrentou várias controvérsias ao longo da carreira, principalmente pela promoção de tratamentos alternativos e por receitar suplementos que carecem de evidências científicas sólidas.

Durante a pandemia de covid-19, Oz foi criticado por defender o uso da hidroxicloroquina como tratamento, apesar da ausência de comprovação científica, mas também recebeu aplausos de vários dirigentes conservadores.

Oz tem um histórico político recente: em 2022, concorreu sem sucesso ao Senado pelo estado da Pensilvânia, com o apoio de Trump, e, durante a campanha, criticou o que chamou de má gestão governamental durante a pandemia, defendendo maior transparência e responsabilidade nas políticas de saúde.

“Conheço o Dr. Oz há muitos anos e tenho plena confiança de que ele lutará para garantir que todos os americanos recebam o melhor atendimento médico possível, para que o nosso país seja Grande e Saudável Novamente!”, escreveu Trump num comunicado.

Mehmet Oz vai administrar a agência que controla os programas federais de saúde Medicare e Medicaid, que cobrem mais de 150 milhões de norte-americanos.

Se vier a ser confirmado pelo Senado, Oz assumirá a liderança de uma agência com cerca de 6.500 funcionários e um orçamento anual de 1,5 biliões de dólares (cerca de 1,3 biliões de euros), ficando com a supervisão de três programas: Medicare, Medicaid e os mercados de seguros do Affordable Care Act (Obamacare).

Entre os desafios do cargo estão a gestão da expansão do Medicare Advantage, um programa em que o Governo federal paga a seguradoras privadas para oferecer cobertura aos idosos.

Durante sua campanha para o Senado, Oz propôs a ampliação desse modelo sob o nome de “Medicare Advantage Plus”.

Trump prometeu que iria rever a política de subsídios do Obamacare, que estão programados para expirar em 2025.

Durante seu primeiro mandato, Trump reduziu os períodos de inscrição e o orçamento para divulgação e assistência ao programa, o que resultou numa forte queda no número de beneficiários.

O senador republicano Bill Cassidy, também médico e futuro líder do Comité de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado, já elogiou a escolha, dizendo que se abre uma oportunidade para desenvolver reformas conservadoras na saúde.

Em sentido contrário, o democrata Frank Pallone Jr., membro do Comité de Energia e Comércio da Câmara de Representantes, criticou a decisão, afirmando que a escolha de Trump demonstra falta de preocupação com a saúde dos americanos.

“Oz é uma celebridade sem experiência ou formação para liderar uma agência tão crucial,” disse Pallone, citado por vários meios de comunicação norte-americanos.

Organizações de monitorização governamental, como Accountable.US, também expressaram preocupações, especialmente com o apoio de Oz à privatização do Medicare.

RJP // APN

Lusa/Fim

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