
Presidente da FLAD afasta impactos diretos dos cortes de apoios dos EUA
O presidente da Fundação Luso-Americana Para o Desenvolvimento (FLAD) recusou hoje que a instituição sofra impactos diretos da política da administração norte-americana de reduzir apoios, admitindo, no entanto, poder ter de enfrentar algumas consequências.
Na apresentação do programa de comemorações dos 40 anos da instituição, que irão decorrer a partir deste mês e até outubro, Nuno Morais Sarmento explicou que a FLAD “manterá o caminho já traçado” e “sem vacilar”, embora as decisões da administração Trump possam provocar “alguns impactos indiretos” nas atividades.
O responsável referia-se aos cortes dos apoios dados pelos Estados Unidos a universidades, nomeadamente portuguesas, que não cumpram os requisitos ideológicos exigidos pela Casa Branca.
No mês passado, várias instituições com programas financiados pelo Governo dos EUA foram questionadas sobre ideologias de género, ligações a terrorismo e influências “malignas da China” e ameaçadas de perderem o apoio caso não respondessem ao inquérito.
Uma política que Morais Sarmento garantiu não abalar a FLAD, já que a fundação vive dos rendimentos de um fundo criado em 1985 e não de subsídios norte-americanos.
“O nosso papel é, neste tempo exigente, lutar pelas pontes que temos” e manter o “caminho sem alterações”, disse.
Ainda assim, o presidente da FLAD admitiu que a instituição poderá debater-se com impactos indiretos, “por exemplo, nos bolseiros que vão estar ou estão nos Estados Unidos ou nos convites a estudantes dos EUA para visitar Portugal”.
Um outro caso pode ser o eventual encerramento do consulado dos Estados Unidos nos Açores, o mais antigo daquele país em todo o mundo.
A celebração dos 230 anos deste consulado faz parte das comemorações do aniversário da FLAD, estando programado para o final de junho um evento na biblioteca pública de Ponta Delgada, com a presença da cônsul, Margaret Campbell.
“Podemos tropeçar num consulado fechado, mas manteremos [a cerimónia]”, assegurou Morais Sarmento, explicando que, nesse caso, em vez de celebrar a antiguidade, será comemorada “a sua memória”.
A intenção é, “sempre que possível aliar a autonomia financeira [da instituição] a uma autonomia política”, sublinhou, reiterando que a missão da fundação “continuará sem alterações”.
Embora a FLAD tenha independência financeira, um dos órgãos sociais da instituição é o Conselho de Curadores, que gere o seu funcionamento e linhas orientadoras. Os membros deste conselho são designados pelo primeiro-ministro, sendo dois deles indicados pelo embaixador dos Estados Unidos em Portugal.
Nos 40 anos da FLAD, a fundação vai destacar o mote da criação de pontes sobre o oceano que separa os EUA de Portugal, tendo marcado para o dia do aniversário – 20 de maio – uma conferência intitulada “Breathing with the Ocean” (“Respirar com o Oceano”).
A conferência irá decorrer no Museu Nacional dos Coches e vai juntar o administrador-executivo da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha, o membro da missão da União Europeia “Restore Our Ocean and Waters” Peter Heffernan e o presidente da The Ocean Foundation, Mark J. Spalding.
Entre as iniciativas programadas, conta-se também um encontro de cidades geminadas de Portugal e dos Estados Unidos, que irá decorrer em junho em São Miguel, a celebração dos 230 anos do consulado norte-americano nos Açores e o lançamento do Vinho FLAD 40 anos, um vinho da Madeira alusivo ao que foi bebido pelo primeiro Presidente dos EUA, George Washington, após a assinatura da Declaração da Independência.
O encerramento das comemorações irá acontecer em outubro com um concerto no Carnegie Hall, em Nova Iorque, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e alguns nomes da música nacional, para comemorar o regresso do concerto de tributo “Amália na América – Além do Fado”, na Broadway.
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