Líder democrata da Câmara dos Representantes rasga cópia do discurso de Trump

A líder democrata da Câmara dos Representantes norte-americanos manifestou na terça-feira as suas divergências com o Presidente dos Estados Unidos ao rasgar uma cópia do discurso do Estado da Nação perante o Congresso.

Assim que Donald Trump terminou o discurso, Nancy Pelosi, que segundo a tradição estava de pé atrás do Presidente norte-americano e ao lado do vice-Presidente, Mike Pence, pegou ostensivamente no documento e rasgou-o.

À saída do Congresso dos Estados Unidos, onde decorreu a sessão, Pelosi disse a um jornalista que aquele era o gesto “mais cortês, em relação às alternativas”.

A Casa Branca lamentou já que Pelosi tenha simbolicamente “rasgado” um veterano da Segunda Guerra Mundial, um bebé prematuro nascido às 21 semanas de gravidez, ou ainda a família de Kayla Mueller, morta pelos fundamentalistas do grupo extremista Estado Islâmico na Síria e outros convidados que se encontravam no Congresso e que Trump citou no discurso do Estado da Nação.

O encontro institucional anual perante os membros da Câmara dos Representantes e do Senado registou, no início, um outro momento de tensão e que resume a divisão da classe política norte-americana, quando Donald Trump evitou a mão estendida de Nancy Pelosi.

Horas depois do discurso do Estado da União, na terça-feira à noite (madrugada de hoje em Portugal), o Presidente norte-americano vai conhecer o desfecho do processo de destituição, levantado em dezembro passado pela oposição democrata.

O Senado dos EUA vota o veredicto do julgamento político de Trump, sendo previsível que a maioria republicana aprove a sua absolvição pelas acusações de abuso de poder e de obstrução ao Congresso.

A maioria republicana no Senado (53-47) deverá ser suficiente para garantir a absolvição do Presidente, depois de quase duas semanas de discussão à volta de dois artigos para destituição que foram aprovados pela maioria democrata na Câmara de Representantes.

Contudo, vários senadores não indicaram ainda o sentido de voto, deixando em aberto todos os cenários para o desfecho daquele que foi o terceiro julgamento de destituição na história dos Estados Unidos (para além dos de Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998).

Se Trump for considerado culpado de uma das duas acusações (abuso de poder e obstrução ao Congresso), o veredito levará à demissão, o que seria inédito, já que os outros dois processos de destituição absolveram Johnson e Clinton.

O Presidente Dos EUA pode ainda ser absolvido mas com a aprovação de uma resolução de censura, como foi sugerido pelo senador democrata Joe Manchin, da Virginia Ocidental.

Nas alegações finais, esta semana, os democratas insistiram na versão de que Trump abusou do cargo, ao pressionar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar a atividade da família de Joe Biden, rival democrata, junto de uma empresa da Ucrânia envolvida num caso de corrupção, e que tentou perturbar a investigação pela Câmara de Representantes.

A equipa de advogados do Presidente voltou ao argumento de que não houve pressão junto de nenhum líder estrangeiro (invocando mesmo declarações de Zelensky nesse sentido) e disse que o Presidente atuou sempre em função do interesse público, preocupado com o alastrar da corrupção na Ucrânia, negando igualmente qualquer ato de obstrução ao Congresso.

Ao longo do processo, Donald Trump tem repetido que tudo não passa de uma “caça às bruxas” destinada a prejudicar a campanha para reeleição nas presidenciais de novembro próximo.

EJ (RJP) // SB

Lusa/Fim

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