Invasores do Capitólio dos EUA acusados de premeditar uso de violência

O fundador da organização de extrema-direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, admitiu o uso de violência para impedir os resultados das eleições presidenciais dos EUA de 2020, acusou hoje uma procuradora federal.

Nas alegações finais – após quase dois meses de julgamento de Rhodes e de quatro outros membros do movimento radical, acusados de liderarem uma rebelião para impedir a vitória presidencial do candidato democrata, Joe Biden – a procuradora adjunta Kathryn Rakoczy disse haver provas de que havia um plano para o “derrube violento” do regime norte-americano.

“A nossa democracia é frágil. Não pode existir sem o Estado de Direito e não sobreviverá se as pessoas insatisfeitas com os resultados de uma eleição puderem usar a força e a violência para mudar o resultado”, argumentou Rakoczy.

As alegações finais começaram no tribunal federal de Washington, depois de terem sido apresentadas todas as provas no julgamento, onde a procuradora tentou provar que este grupo extremista conspirou para interromper a transferência pacífica de poder do Republicano Donald Trump para o Democrata Joe Biden.

O advogado de defesa de Rhodes, James Lee Bright, procurou minimizar a retórica violenta do movimento de extrema-direita, insistindo na tese de que nunca houve uma conspiração, alegando que os réus se limitaram a repetir os argumentos de Trump de que tinha havido “fraude eleitoral”.

As provas apresentadas pelos procuradores procuraram demonstrar que Rhodes e os seus co-réus discutiram a possibilidade de recurso à violência para manter Biden fora da Casa Branca, nas semanas que antecederam a invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, tendo mesmo escondido armas num hotel nos arredores de Washington, para uma eventual operação de “reação rápida”.

Em 06 de janeiro, os membros do Oath Keepers, usando capacetes e outros equipamentos de combate, foram vistos a motivar a multidão que invadiu o Capitólio.

Rhodes permaneceu do lado de fora do edifício que alberga o Congresso, como “um general examinando as suas tropas num campo de batalha”, disse um dos procuradores, nas alegações aos jurados.

Segundo a versão dos procuradores, após o ataque, Rhodes e outros membros do Oath Keepers comemoraram a invasão com um jantar num restaurante local.

Os procuradores tentaram refutar as sugestões de que a retórica de Rhodes era simplesmente fanfarronice, dizendo aos jurados que as mensagens enviadas não eram apenas “delirantes”, mas constituíam recados “muito sérios”.

O advogado de Rhodes disse que o seu cliente estava num quarto de hotel a comer asas de frango e a ver televisão, quando os primeiros manifestantes começaram a invadir o Capitólio, acrescentando que os membros do Oath Keepers nunca usaram o seu arsenal de “força de reação rápida”.

As alegações finais dos advogados de defesa devem continuar na segunda-feira.

Os réus deste julgamento são os primeiros entre centenas de pessoas que participaram na invasão do Capitólio e que serão julgados por conspiração sediciosa, uma acusação que pode levar até penas de 20 anos de cadeia.

RJP // RBF

Lusa/Fim

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