EUA avisam que qualquer ação da China em Taiwan ameaça estabilidade global

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, advertiu que qualquer acção unilateral da China sobre Taiwan representaria um perigo para a estabilidade global, numa altura em que Pequim iniciou exercícios de guerra à volta da ilha.

“Parece que a liderança chinesa já não considera aceitável o ‘status quo’ que moldou o curso de Taiwan nos últimos 40 anos e ajudou a preservar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, lamentou Blinken numa entrevista com o diário francês ‘Ouest France’.

Blinken criticou as “manobras de pressão” exercidas pela China “a nível económico e militar” para “isolar Taiwan das organizações internacionais ou das suas relações com certos países do mundo”, mas reiterou que a política dos EUA a este respeito permanece inalterada.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos deixou claro que, embora não apoie explicitamente a independência de Taiwan, respeita o acordo bilateral com o território para fornecer às suas autoridades “tudo o que elas precisarem para se defenderem de qualquer ataque”.

“Na nossa relação com a China, deixámos muito claro que a base desta relação é um entendimento mútuo de que as nossas diferenças devem ser resolvidas pacificamente, e não através de uma acção unilateral, quer seja pressão, coerção ou, pior ainda, o uso da força”, explicou Blinken, numa entrevista publicada antes do início dos exercícios.

Os exercícios militares chineses, envolvendo todos os ramos das Forças Armadas, pretendem ser um simulacro de bloqueio da ilha e uma retaliação contra o recente encontro entre o Presidente de Taiwan, Tsai Ing Wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, que Pequim interpretou como uma grave afronta às suas ambições de soberania sobre Taiwan.

Finalmente, Blinken salientou que Taiwan é de importância essencial para o desenvolvimento económico global.

“Cinquenta por cento do tráfego comercial mundial passa diariamente pelo estreito”, disse, antes de salientar que o território produz pelo menos 70 por cento dos microprocessadores do mundo.

“Se houvesse uma crise como resultado de uma ação unilateral da China, seria provavelmente uma crise que envolveria todo o mundo. Acabaríamos com uma verdadeira crise económica nas nossas mãos, e é por isso que é do interesse de todos que estas questões sejam tratadas de forma responsável e calma”, concluiu.

SV // JH

Lusa/Fim

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