Estados Unidos avisam Bielorrússia de que não tolerarão atitudes repressivas

 Os Estados Unidos avisaram hoje o Governo bielorrusso de que não aceitarão a repressão às aspirações democráticas da população e anunciaram restrições de vistos a 25 funcionários.

“Não vamos ficar de braços cruzados enquanto este regime continua a assediar e a reprimir manifestantes pacíficos, a oposição democrática, jornalistas, sindicalistas, ativistas, defensores dos direitos humanos e pessoas comuns”, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

O chefe da diplomacia dos EUA disse que serão impostas restrições de vistos a 25 pessoas pela sua participação no enfraquecimento da democracia, incluindo membros da Assembleia Nacional da Bielorrússia, pelo seu papel na aprovação de legislação que autoriza a pena de morte para pessoas condenadas por alegadas “tentativas de terrorismo”.

Para o Departamento de Estado, essas pessoas também apoiaram a legislação que revoga a cidadania daqueles que foram acusados de “extremismo” e que apreende propriedades por tomarem “ações hostis contra a Bielorrússia”.

De acordo com Blinken, o regime bielorrusso “continua a reprimir o povo e as suas aspirações democráticas”, como demonstra o julgamento à revelia “por razões políticas” da líder da oposição democrática Svetlana Tikhanovskaya e outros ativistas, por “acusações infundadas”.

“Esses julgamentos politicamente motivados são os exemplos mais recentes dos esforços do regime do (Presidente Alexander) Lukashenko para intimidar e reprimir aqueles que procuram justiça, respeito pelos direitos humanos e uma Bielorrússia democrática”, disse o secretário de Estado norte-americano.

Tikhanovskaya lidera o movimento pró-democracia que defende os direitos humanos e continua a pressionar por uma transição democrática no seu país.

A ativista está a ser julgada juntamente com outros líderes pró-democracia, incluindo Volha Kavalkova, chefe do Conselho de Coordenação, órgão encarregado de facilitar a transição democrática da Bielorrússia.

Em dezembro passado, o regime condenou e sentenciou também o fundador da Belarus Sports Solidarity Foundation, Alex Apeikin, e a atleta olímpica bielorrussa Alyaksandra Herasimenia a 12 anos de prisão.

Também continua detido como prisioneiro político Ales Bialiatski, vencedor do Prémio Nobel da Paz.

Com o anúncio de hoje, o Departamento de Estado norte-americano já tomou medidas para impor restrições de vistos a 322 pessoas, alegando que estas “estão a minar a democracia na Bielorrússia desde a eleição presidencial fraudulenta de 2020”.

Na segunda-feira, Tikhanovskaya classificou como uma “farsa” e uma “vingança” do Presidente Alexander Lukashenko o seu julgamento, que começa hoje na Bielorrússia, na sua ausência.

“Estes julgamentos não são julgamentos. É um espetáculo, é uma farsa, não tem nada a ver com justiça”, denunciou a opositora que se encontra exilada na Lituânia, mas que esteve de visita a Davos, na Suíça, onde concedeu uma entrevista à agência France-Presse (AFP).

Perante “uma dúzia de acusações”, incluindo alta traição e conspiração para conquistar o poder, a política referiu que contactou o seu advogado indicado pelo tribunal, mas que este nunca respondeu.

Lukashenko, no poder desde 1994, renovou o mandato presidencial nas eleições de 09 de agosto de 2020, cujos resultados não foram reconhecidos pela oposição interna, e pelos países ocidentais, após diversas denúncias de fraude eleitoral.

Tikhanovskaya reclamou a vitória sobre Lukashenko nessas eleições presidenciais e viu-se obrigada a fugir para a vizinha Lituânia, em pleno período de repressão às massivas manifestações de protesto após a divulgação dos resultados oficiais.

De acordo com o centro bielorrusso de direitos humanos Viasna, este país tem atualmente mais de 1.400 presos políticos.

Também hoje começou o julgamento à porta fechada do jornalista Andrzej Poczobut, uma figura da minoria polaca na Bielorrússia, que enfrenta uma pena de prisão de 12 anos.

RJP (DMC) // PDF

Lusa/Fim

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