Trump diz que nomeação de procurador especial “é injusta e política”
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu hoje que a nomeação de um procurador especial, para liderar as investigações sobre si, é “política”, enquanto o atual chefe de Estado, Joe Biden, divulgou que não foi envolvido na decisão.
Em declarações à Fox, o magnata Republicano, que anunciou há três dias a recandidatura à Casa Branca, nas presidenciais de 2024, considerou esta nomeação “injusta” e “política”.
Para Trump, esta é “a pior politização da justiça” da história norte-americana, adiantando que não participará das investigações.
“É uma vergonha, estão fazendo isto só porque estou a liderar as sondagens”, acrescentou o ex-presidente, incentivando também os Republicanos a “levantarem-se e lutarem”.
Por outro lado, a porta-voz da Casa Banca, Karine Jean-Pierre, destacou que o atual chefe de Estado norte-americano Joe Biden não foi avisado com antecedência da nomeação de um procurador especial para liderar as investigações que atingem o ex-presidente.
“O Departamento de Justiça toma decisões sobre as suas investigações criminais de forma independente. Não fomos avisados com antecedência”, destacou, em declarações aos jornalistas, assegurando que o Presidente norte-americano não esteve “envolvido” na decisão.
O procurador-geral dos EUA nomeou hoje um procurador especial para supervisionar as investigações que recaem sobre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, três dias depois do anúncio da sua candidatura presidencial.
“Dados os acontecimentos recentes, incluindo o anúncio da candidatura do ex-presidente às próximas eleições presidenciais e a intenção do atual Presidente concorrer, decidi que é do interesse público nomear um procurador especial”, salientou Merrick Garland em conferência de imprensa.
Garland confiou esta missão a Jack Smith, ex-procurador baseado em Haia, no Tribunal Especial para o Kosovo.
O Departamento de Justiça descreveu Smith como um “independente registado”, num esforço para neutralizar qualquer ataque de influência política.
Jack Smith destacou, por sua vez, que pretende conduzir as investigações “de forma independente e nas melhores tradições do Departamento de Justiça”.
“Irei proceder a um julgamento independente e levarei as investigações adiante de forma rápida e completa para qualquer resultado que os factos e a lei determinem”, assegurou Smith, citado num comunicado divulgado pelo Departamento de Justiça.
As investigações recaem sobre a presença de documentos confidenciais na residência do magnata Republicano na Florida, mas este procurador especial irá também supervisionar os principais aspetos de uma investigação separada que envolve a invasão do Capitólio em 06 de janeiro de 2021 e os esforços de Trump para anular os resultados das presidenciais de 2020, noticiou a agência Associated Press (AP).
A medida, divulgada apenas três dias depois de Trump ter anunciado formalmente a sua candidatura às presidenciais de 2024, é um reconhecimento das implicações políticas de duas investigações que envolvem não apenas um ex-presidente, mas também um atual candidato à Casa Branca.
Embora esta nomeação coloque um novo supervisor no topo das investigações, o procurador especial reportará a Garland, que tem a palavra final sobre se deve ou não apresentar acusações.
Garland tem defendido repetidamente o seu foco único nos factos, nas provas e na lei para as decisões do Departamento de Justiça, além da sua determinação para restaurar a independência política da agência, após os anos conturbados da administração Trump.
Não parece haver também um conflito óbvio, ao contrário do que motivou a última nomeação de um procurador especial para lidar com as investigações relacionadas com Trump.
O Departamento de Justiça de Trump nomeou o ex-diretor do FBI Robert Mueller como conselheiro especial para liderar a investigação sobre uma possível coordenação entre a Rússia e a campanha presidencial de Trump em 2016.
Sobre este processo Donald Trump sublinhou hoje que Robert Mueller “não encontrou nenhuma conspiração”, acrescentando que a sua “inocência foi provada” nos últimos seis anos.
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