Mark Milley substituído no cargo de chefe de Estado-Maior dos EUA

O general Mark Milley deixou hoje o cargo de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, após um mandato conturbado, sendo substituído pelo general Charles C.Q. Brown, que lidera atualmente a Força Aérea.

Numa cerimónia de homenagem, o Presidente norte-americano, Joe Biden, elogiou Mark Milley, classificando o general como um “patriota, intransigente no cumprimento do dever, inabalável face ao perigo e dedicação inabalável” ao país, acrescentando ainda que a sua ajuda “foi inestimável”.

Recentemente, Milley confessou que, desde que assumiu o cargo, em outubro de 2019, foi sujeito a “uma crise atrás da outra”, sem interrupção, referindo-se aos casos conturbados do seu mandato.

Ao lado do secretário de Defesa, Lloyd Austin, o chefe do Estado-Maior cessante liderou a ajuda militar norte-americana à Ucrânia face à invasão russa.

A sua passagem também foi marcada pela saída turbulenta dos soldados norte-americanos de Cabul, quando, em agosto de 2021, os talibãs recuperaram o controlo do Afeganistão e da sua capital, no final de uma guerra de 20 anos descrita pelo próprio Mark Milley como “fracasso estratégico”.

Milley também esteve sob os holofotes no final da administração do ex-Presidente Donald Trump, quando um livro relatou que tinha contactado repetidamente o seu homólogo chinês para tranquilizá-lo sobre a posição de Washington sem dar conhecimento dessas diligências ao então chefe de Estado.

Recentemente, Trump sugeriu que Milley devia ter sido acusado de traição, e comentou que noutros tempos, isso teria merecido a pena de morte.

O general Milley também lamentou ter estado presente ao lado de Trump quando o então Presidente mandou dispersar uma manifestação do movimento Black Lives Matter em frente à Casa Branca para conseguir tirar uma fotografia em frente a uma igreja, com a Bíblia na mão.

O sucessor do general Milley, Charles C.Q. Brown, é um ex-piloto experiente com 3.000 horas de voo, incluindo 130 horas de combate.

Líder de brigada, mais tarde serviu como comandante da Força Aérea dos Estados Unidos no Médio Oriente e no Pacífico.

Depois de Colin Powell na década de 1990, Brown será o segundo afro-americano a ocupar a posição mais elevada no Exército dos EUA.

No verão de 2020, Brown participou em manifestações do movimento Black Lives Matter contra o racismo, na sequência da morte do afro-americano George Floyd sob custódia policial.

A confirmação do general Charles C.Q. Brown pelo Senado (câmara alta do Congresso norte-americano) foi adiada durante algum tempo devido ao bloqueio deliberado de um senador conservador, que durante meses usou o seu poder para expressar oposição à decisão do Pentágono (Departamento de Defesa) de ajudar as mulheres em serviço militar a fazerem interrupções voluntárias da gravidez.

O general seria finalmente confirmado por uma votação que contornou o bloqueio do senador conservador.

RJP // SCA

Lusa/Fim

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