EUA anunciam grande ação contra chineses da cadeia de produção de fentanil

Os Estados Unidos anunciaram hoje uma série de indiciamentos e sanções contra 14 pessoas e 14 empresas na China e no Canadá relacionadas com a importação de fentanil para território norte-americano.

Trata-se de uma das maiores ações do atual Governo, do Presidente Joe Biden, contra o tráfico daquela droga sintética responsável por uma subida do número de mortes por overdose sem precedentes nos Estados Unidos.

Os titulares dos Departamentos do Tesouro, da Justiça e da Segurança Nacional, da Agência de Combate à Droga (DEA) e do Serviço de Inspeção Postal dos EUA vão reunir-se hoje na sede do Departamento de Justiça para delinear a mais recente ação do Governo norte-americano contra aquilo a que chamam uma “grande organização sediada na China” que vende produtos químicos a traficantes de droga norte-americanos e a cartéis do México.

Só duas das empresas e uma das pessoas visadas não são da China.

O México e a China são as principais fontes de fentanil e substâncias relacionadas com fentanil traficadas diretamente para os Estados Unidos, de acordo com a DEA, que tem por missão combater o tráfico de drogas ilícitas. Quase todos os precursores químicos necessários para produzir fentanil provêm da China.

“É o mais recente passo na rápida intensificação do nosso trabalho de combate aos fluxos financeiros que alimentam o comércio mundial de drogas ilícitas”, afirmou o secretário adjunto do Tesouro, Wally Adeyemo.

Adeyemo disse que o Tesouro também está a procurar os amigos, familiares e associados das pessoas que lucram com a venda de drogas.

“Se beneficiam de receitas desta atividade ilegal, iremos atrás dos vossos bens”, declarou.

As autoridades norte-americanas indicaram que a operação visava redes que traficam xilazina, um forte sedativo para uso veterinário que é frequentemente misturado com fentanil para ser vendido nos EUA.

Entre os alvos desta ação está uma farmacêutica que as autoridades afirmam publicitar a venda de precursores de fentanil a clientes mexicanos e também representantes de vendas que alegadamente fizeram negócios com uma organização de tráfico de droga com sede no México.

Outros alvos incluem uma empresa sediada na China que, segundo as autoridades norte-americanas, forneceu matrizes para a contrafação de comprimidos de oxicodona M30.

Esta última ação surge depois de uma série de outras levadas a cabo este ano contra membros do cartel de Sinaloa, no México, correios de dinheiro e esquemas fraudulentos de cartéis.

Os Republicanos queixaram-se, contudo, de que o Governo Biden não está a fazer o suficiente para deter o fentanil, e é provável que o problema ocupe um lugar de destaque na campanha presidencial do próximo ano.

Em fevereiro, 21 procuradores-gerais estaduais republicanos escreveram uma carta a Biden e ao secretário de Estado, Antony Blinken, instando-os a classificar os cartéis de droga mexicanos como organizações terroristas estrangeiras. E, no ano passado, um grupo de procuradores-gerais Republicanos pediu ao Presidente para classificar o fentanil como arma de destruição maciça. Não foram tomadas quaisquer medidas nesse sentido.

O fentanil, um forte opiáceo, é atualmente a droga mais mortífera nos Estados Unidos. Segundo os Centros para a Prevenção e Controlo de Doenças, as mortes por overdose de fentanil aumentaram mais de sete vezes entre 2015 e 2021.

Mais de 100.000 mortes por ano foram ligadas a overdoses de drogas desde 2020 e cerca de dois terços delas estão relacionadas com fentanil. O número de mortes devido a drogas é dez vezes maior que em 1988, na altura do flagelo provocado pelo ‘crack’ (cocaína solidificada em cristais).

ANC // JH

Lusa/Fim

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