Ucrânia: Musk pede aos EUA para financiar o seu sistema de satélites

O Departamento de Defesa dos EUA recebeu um pedido do fundador da SpaceX, Elon Musk, para que assuma o financiamento da sua rede de satélites que fornece comunicações para as forças militares ucranianas contra a invasão russa.

Uma fonte do Departamento de Defesa norte-americano disse que o assunto foi discutido em várias reuniões e que líderes políticos e altas patentes das Forças Armadas estão a avaliar o assunto.

O sistema Starlink, construído pelas empresas de Musk, com mais de 2.200 satélites de baixa órbita, forneceu Internet de banda larga a mais de 150.000 estações terrestres ucranianas.

Hoje, Musk escreveu na rede social Twitter que esse sistema de satélites está a custar 20 milhões de dólares (valor idêntico em euros) por mês à SpaceX, para atender às necessidades de comunicação da Ucrânia.

O pedido do homem mais rico do mundo para que o Pentágono assuma as centenas de milhões de dólares deste custo surge no momento de um conflito no Twitter entre Musk e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Numa troca de mensagens no Twitter, na semana passada, Musk argumentou que, para alcançar a paz, a Rússia devia ter permissão para manter a Península da Crimeia, que anexou em 2014, defendendo ainda que a Ucrânia devia adotar um estatuto neutro, abandonando a intenção de aderir à NATO.

Musk também iniciou uma sondagem no Twitter perguntando se “a vontade do povo” deveria decidir se as regiões anexadas continuam parte da Ucrânia ou se tornam parte da Rússia.

Numa resposta sarcástica, Zelensky criou uma outra sondagem no Twitter perguntando “de qual Elon Musk gosta mais?: ‘Aquele que apoia a Ucrânia’ ou ‘Aquele que apoia a Rússia’”.

Musk respondeu a Zelensky que “ainda” apoiava a Ucrânia, mas que estava convencido de que “a escalada maciça da guerra causará grandes danos à Ucrânia e possivelmente ao mundo”.

O pedido de Musk para que o Pentágono comece a pagar a conta de manutenção de satélites ocorre quando a Força Espacial e o Pentágono estão a analisar como os fornecedores comerciais podem desempenhar um papel na segurança nacional.

Em março, o comandante do Exército do Comando Espacial dos EUA, general James Dickinson, disse que ter muitos fornecedores a prover os recursos necessários, como as imagens de satélite de comboios russos, tornou-se essencial, porque liberta recursos de satélite militares limitados para se concentrar noutras missões.

Musk também levantou uma outra questão que vários fornecedores e o próprio Pentágono estão a avaliar, à medida que o espaço se torna uma parte crítica das operações em tempo de guerra: “Se um fornecedor comercial está a ajudar os EUA e se torna um alvo, os EUA devem-lhe proteção?”.

Musk colocou esta pergunta no Twitter lembrando que as suas empresas tiveram de se defender de ataques cibernéticos, alegadamente por retaliação pela sua ajuda à Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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Lusa/Fim

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