EUA prometem esclarecer mistério do “síndrome de Havana” que afeta diplomatas

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prometeu, esta sexta-feira, tentar clarificar o “síndrome de Havana”, uma doença misteriosa que atinge diplomatas dos EUA em todo o mundo, e cuja origem tem sido atribuída à Rússia.

Blinken anunciou a nomeação de dois diplomatas experientes para lidar com esta doença: Jonathan Moore, responsável por coordenar a resposta do Departamento de Estado, e Margaret Uyehara, que será responsável por garantir que qualquer pessoa que relate os sintomas receba atenção médica adequada.

Estes “incidentes de saúde anormais”, como são chamados no jargão administrativo, apareceram pela primeira vez em Cuba em 2016, onde diplomatas norte-americanos, depois de ouvir sons muito agudos, começaram a queixar-se de perturbações causadas por ruídos altos, enxaquecas, tonturas ou náuseas, tendo havido mesmo diagnóstico de danos cerebrais.

Desde essa altura, houve relatos de casos sucessivamente na China, Alemanha, Austrália, Rússia, Áustria e até em Washington.

O Departamento de Estado recusa-se a fornecer uma estimativa do número de pessoas afetadas, mas há menções a cerca de 200 casos, segundo fontes familiarizadas com este processo.

Antony Blinken pediu hoje que todos os diplomatas afetados por sintomas atribuídos a esta doença reportem as situações, sem receios de sofrer “repercussões negativas”.

“Todos nós no Governo dos Estados Unidos, e particularmente no Departamento de Estado, estamos absolutamente determinados a esclarecer a causa e a descobrir os perpetradores desses incidentes, cuidar dos afetados e proteger os nossos colegas”, prometeu o chefe da diplomacia norte-americana.

“Contamos com todas as capacidades dos nossos serviços de informação. Recrutamos os melhores cérebros científicos, dentro da administração, mas também fora”, acrescentou Blinken, que explicou que as alegadas vítimas desta doença estão sob cuidados médicos no hospital da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, perto de Washington.

Os diplomatas estão a ser submetidos a exames neurológicos, auditivos e oftalmológicos aprofundados, antes de voltarem a ser alocados nos seus postos, “para haver uma base de comparação se, posteriormente, notificarem um incidente de saúde anormal”, explicou o secretário de Estado.

Desde o início, as autoridades norte-americanas hesitaram na forma de lidar com este caso, minimizando os sintomas, que eram muitas vezes atribuídos a situações de ‘stress’, mas outras vezes atribuindo a doença a eventuais ataques com ondas de rádio e lançando suspeitas de a Rússia estar por detrás destas situações.

Contudo, a tese russa é questionada por vários cientistas, que consideram improvável uma causa comum para todos os casos relatados.

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Lusa/Fim

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