Trinta e dois anos depois do acidente, Chernobyl é centro turístico em crescimento

A Ucrânia assinala hoje o 32.º aniversário da catástrofe de Chernobyl, o pior acidente nuclear da história, mas a central e a cidade fantasma onde se situa são hoje um destino turístico em crescimento.

“Chernobyl será para sempre uma chaga aberta no coração do nosso país”, disse o presidente Ucrâniano, Petro Porochenko, apelando para que “tudo seja feito para que esta tragédia nunca mais se repita”.

A 26 de abril de 1986, às 01:23, o reator número quatro da central a cerca de 100 quilómetros a norte de Kiev, explodiu num teste de segurança e o combustível nuclear ficou a queimar-se durante dez dias, lançando para a atmosfera elementos radioativos que terão contaminado, segundo algumas estimativas, até três quartos da Europa.

No total, cerca de 350.000 pessoas foram retiradas ao longo de anos de um perímetro de 30 quilómetros em redor da central.

O balanço humano da catástrofe ainda hoje é controverso, com estimativas que vão de trinta a 100.000 mortos.

Apesar da tragédia, a central e a cidade fantasma de Pripiat são hoje, 32 anos depois, um centro turístico em crescimento da Ucrânia.

De acordo com as estatísticas oficiais, cerca de 50 mil pessoas, 70% das quais estrangeiras, visitaram Chernobyl no ano passado, o que representa um aumento de 35% em relação a 2016 e de 350% relativamente a 2012.

Sinal dos tempos, um quiosque de lembranças vende t-shirts decoradas com símbolos de radioatividade amarelos e negros e máscaras de gás soviéticas em borracha à entrada da zona de exclusão, contaminada e desabitada, que rodeia a central num raio de 30 quilómetros.

Para o gestor da agência turística Go2chernobyl.com, que organiza desde 2012 viagens ao local, o interesse turístico explica-se por dois fatores: o 30.º aniversário da catástrofe e a instalação, naquele ano, de uma nova cúpula metálica de confinamento sobre o reator número quatro que explodiu a 26 de abril de 1986, contaminando grande parte da Europa. A nova cúpula permitiu reduzir fortemente a fuga de matérias radioativas.

Os dois acontecimentos foram abundantemente falados pelos meios de comunicação internacionais, o que serviu para diminuir os receios de quem hesitava em visitar Chernobyl, considerou Viktor Khartchenko, que garantiu não existir qualquer perigo nestas viagens.

“Uma estada de um dia na zona equivale a duas horas de voo sobre o oceano Atlântico, em termos de dose de radiações absorvidas”, declarou Khartchenko.

Ao saírem de Chernobyl, todos são obrigados a passar os controlos de radiação. Várias agências de viagens ucranianas oferecem viagens ao local, de entre um e sete dias, com preços entre 25 e 650 euros.

O programa inclui visitas à nova cúpula, a aldeias abandonadas, ou alimentar siluros que vivem nas águas radioativas de um canal de arrefecimento da central.

Em alguns locais, os medidores de radiação portáteis de alguns visitantes assinalam ruidosamente elevadas taxas de radiação.

Mas o ponto alto continua a ser Pripiat, cidade-fantasma situada a alguns quilómetros da central evacuada em três horas a 27 de abril de 1986.

Na altura do acidente, contava 50 mil pessoas, que nunca mais voltaram.

Na ausência de vida humana, a vegetação conquista as terras abandonadas, fazendo recuar as estradas, ao mesmo tempo que as casas parecem desaparecer sob uma folhagem cada vez mais densa.

EJ // FPA

Lusa/Fim

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