Ultraconservador Mike Johnson eleito líder da Câmara dos Representantes

O Republicano Mike Johnson, representante do 4º distrito da Luisiana, foi eleito hoje líder da Câmara dos Representantes após três semanas de caos no Congresso norte-americano.

Johnson, que foi eleito de forma unânime por todos os Republicanos presentes, disse que a primeira proposta de lei que irá propor será de apoio “ao nosso querido amigo Israel”, que caracterizou como maior aliado no Médio Oriente.

“Estamos prontos para voltar ao trabalho e resolver os problemas das pessoas”, disse o novo líder no primeiro discurso após a eleição.

“Vamos restaurar a confiança das pessoas nesta câmara”.

Comprometeu-se a “descentralizar o poder” na câmara baixa e a trabalhar com os Democratas para encontrar áreas comuns e possíveis consensos.

Mas o novo ‘speaker’ também emitiu um comunicado no qual prometeu que a maioria Republicana irá “avançar uma agenda abrangente de política conservadora, combater as políticas prejudiciais da administração Biden, e apoiar os aliados internacionais” norte-americanos.

Johnson recebeu 220 votos, unindo as várias fações que até aqui se mostraram indisponíveis para apoiar um só candidato perante a destituição histórica de Kevin McCarthy, no início de outubro.

O congressista vai liderar uma maioria curta numa câmara dividida, com 221 republicanos e 214 democratas, e terá de resolver o problema do orçamento temporário, que expira a 17 de novembro.

O nomeado a ‘speaker’ pelos democratas, Hakeem Jeffries, recebeu 209 votos. O líder da minoria democrata disse que chegou o momento de “acabar com os jogos” e voltar ao trabalho na Câmara dos Representantes.

Alinhado com a ala mais conservadora da maioria Republicana, o novo líder, de 51 anos, é considerado um aliado feroz de Donald Trump. Liderou a iniciativa assinada por mais de 100 congressistas Republicanos em apoio ao processo do Texas que pretendia reverter a vitória de Joe Biden em 2020 e defendeu o ex-presidente durante o ‘impeachment’.

O jornal New York Times descreveu-o, em 2022, como “o mais importante arquiteto das objeções ao Colégio Eleitoral”.

Em reação à eleição de Mike Johnson, o presidente Joe Biden disse não estar preocupado com a possibilidade de o novo ‘speaker’ tentar bloquear a sua certificação se for reeleito em 2024.

“Não, porque não o pode fazer”, afirmou Biden aos jornalistas. “Sei como funciona a Constituição”.

Apesar do papel que teve no rescaldo eleitoral de 2020, Johnson não ganhou proeminência nacional, ao contrário do anterior nomeado Jim Jordan, o que o poderá ter ajudado a conseguir unanimidade entre os Republicanos.

Em matérias sociais, Johnson é mais conservador que Kevin McCarthy mas não criou anticorpos junto dos moderados, sendo considerado menos cáustico e antagonista.

Embora não integre a ala radical Freedom Caucus, defende uma restrição rigorosa do direito ao aborto, a proteção de pessoas que discriminam contra membros da comunidade LGBTQ+ e introduziu uma proposta de lei que proíbe a discussão de identidade ou orientação sexual em instituições com financiamento federal.

Johnson foi o quarto nomeado à posição após o falhanço de Jim Jordan e as desistências de Steve Scalise e Tom Emmer, este último após Trump se ter pronunciado contra ele. Emmer foi um dos congressistas que aceitou certificar a eleição de Joe Biden em 2021.

Perante a ameaça de paralisação do governo federal em novembro, Mike Johnson terá de alinhar os congressistas em matéria de pacotes financeiros de ajuda à Ucrânia e a Israel, ambas envolvidas em guerras sem fim à vista.

É vice-líder da maioria Republicana e membro da Comissão Judiciária e da Comissão de Serviços Armados.

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Lusa/Fim

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