Ucrânia: Kremlin diz ser “inaceitável” que Biden acuse a Rússia de “genocídio”

A presidência russa classificou hoje como “inaceitável” que o Presidente norte-americano, Joe Biden, tenha acusado as tropas russas de cometerem “genocídio” na campanha militar que a Rússia lançou há sete semanas na Ucrânia.

“Discordamos totalmente das declarações e consideramos inaceitáveis as tentativas de distorcer a situação. Além disso, é dificilmente aceitável que isto seja dito pelo Presidente dos Estados Unidos, um país que cometeu ações (condenáveis) bem conhecidas na história moderna e recente”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Na terça-feira, Biden utilizou a palavra “genocídio” pela primeira vez para descrever a campanha militar da Rússia na Ucrânia.

Ainda hoje, o Presidente francês, Emmanuel Macron, não utilizou o mesmo termo, por temer que uma “escalada de palavras” não coloque um ponto final na guerra.

Questionado pelo canal de televisão France 2 sobre as declarações do homólogo norte-americano, Macron disse que queria ser “cuidadoso com os termos”.

“Eu diria que a Rússia iniciou unilateralmente uma guerra brutal, que está agora estabelecido que foram cometidos crimes de guerra pelo Exército russo e agora temos de encontrar os responsáveis. É uma loucura o que está a acontecer, é inaudita a brutalidade, mas ao mesmo tempo olho para os factos e quero tentar quanto possível continuar a ser capaz de parar esta guerra e reconstruir a paz, por isso não tenho a certeza que a escalada de palavras sirva à causa”, explicou.

O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, reagiu considerando que a posição de Macron era “dececionante”.

Nikolenko criticou ainda o Presidente francês por dizer que os ucranianos e russos são povos fraternos, referindo que esse “mito começou a desmoronar-se em 2014” e que já não há “qualquer razão moral ou real para falar de laços fraternos” entre russos e ucranianos.

Na terça-feira, Joe Biden fez o comentário numa altura em que discutia os esforços da sua Administração para conter o aumento dos preços do gás em consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Estou a fazer tudo o que está ao meu alcance com ordens executivas para reduzir os preços e fazer frente a esse pico de preços provocado por (o Presidente russo Vladimir) Putin. Os orçamentos das vossas famílias, a vossa capacidade para encher o depósito, nada disso deveria depender de um ditador declarar guerra e cometer um genocídio do outro lado do mundo”, disse Biden num evento no Estado de Iwoa.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,6 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

AXYG // PAL

Lusa/Fim

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