Trump enigmático quanto à possibilidade de despedir “número dois” da Justiça

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou hoje no ar a possibilidade de despedir o “número dois” do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein, visado num memorando dos congressistas Republicanos sobre abusos na investigação à ingerência russa.

Trump autorizou hoje a desclassificação do memorando elaborado pelos Republicanos da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, que aponta excessos dos investigadores nas atividades de vigilância realizadas a propósito da alegada interferência do governo na Rússia nas eleições presidenciais de 2016.

Apesar de o FBI e o próprio Departamento de Justiça terem apelado a que não o fizesse, o Presidente levantou o segredo do documento, o que permitiu aos Republicanos divulgaram publicamente a nota já esta tarde.

No momento em que falava sobre a decisão, os jornalistas questionaram Trump sobre se a publicação do relatório torna mais provável o despedimento de Rod Rosenstein, o número dois do Departamento de Justiça (o Ministério da Justiça norte-americano), que tem poder de decisão sobre a investigação que o Procurador Especial Robert Mueller está a conduzir às ligações entre a Rússia e a campanha de Trump.

Os jornalistas também perguntaram a Trump se este ainda tem confiança em Rosenstein, que também já foi visado pelas críticas do Presidente dos EUA.

“Deduzam vocês o que se vai passar”, limitou-se a responder Trump, que já tinha admitido ter afastado um diretor do FBI, James Comey, por causa da forma como ele conduziu a investigação acerca do Presidente, membros da sua administração e de altos responsáveis da sua campanha eleitoral. O afastamento de Comey deu origem à nomeação de Mueller.

Paralelamente, os responsáveis da minoria democrata no Congresso advertiram oficialmente Donald Trump para não usar o relatório hoje desclassificado como pretexto para despedir os principais responsáveis da investigação.

“Despedir Rod Rosenstein, os dirigentes do Departamento de Justiça, ou Bob Mueller, poderia criar uma crise constitucional sem precedentes” desde a era Nixon, afirmaram os líderes democratas no Congresso numa carta dirigida a Trump.

Já antes, a Associação de Agentes do FBI assegurou hoje que “não vai permitir” que a “política partidária” distraiam os agentes do seu “compromisso solene” para com os Estados Unidos e a missão que têm em mãos.

O relatório Republicano acusa o FBI e o Rosenstein de negligência na investigação, mas o presidente da Associação, Tom O’Connor, considerou que os norte-americanos devem saber que a agência federal continua a servi-los bem.

“Os homens e as mulheres do FBI arriscam a suas vidas todos os dias na luta contra terroristas e contra criminosos, pela dedicação que têm para com o nosso país e Constituição”, disse.

A associação manifestou publicamente na quinta-feira o seu apoio ao diretor do FBI, Christopher Wray.

NVI // PJA

Lusa/Fim

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