Trump admitiu terça-feira reforço militar dos EUA no Afeganistão
O recente aumento do número de soldados americanos mortos no Afeganistão coloca em risco o plano de paz e o Presidente Donald Trump admitiu terça-feira estender a presença dos EUA na região.
Quando chegou à Presidência dos EUA, Donald Trump disse querer abandonar a posição militar no Afeganistão, confiando no seu “instinto”.
Mas um recente relatório, indicando um aumento substancial de morte de militares em combate, pode levar Trump a reconsiderar a posição e até a reforçar a posição com mais forças no terreno.
Em entrevista ao jornal Washington Post, na terça-feira, Trump afirmou que as mortes recentes no Afeganistão “são muito tristes”, confessando que apenas ali mantém as tropas porque “especialistas” disseram que esse era o melhor cenário, admitindo mesmo reforçar meios na região.
Na passada semana, Trump confessara que os EUA estão “em negociações muito fortes” no Afeganistão, dando a entender que a presença militar naquele país deverá permanecer, enquanto não forem conseguidos resultados desse esforço, referindo-se à ação do enviado norte-americano Zalmay Khalilzad para que os talibãs concordem com as conversações de paz.
Ao mesmo tempo, e numa típica atitude de ambiguidade de Donald Trump, o Presidente dos EUA já antes tinha dito que as negociações talvez não fossem bem sucedidas: “Talvez não sejam. Provavelmente, não serão”.
O quartel-general dos EUA em Cabul anunciou terça-feira que três soldados foram mortos e três outros foram feridos por uma bomba, na província de Ghazni, no sul, onde os talibãs estão a recuperar terreno.
Este caso junta-se a vários outros que, nos últimos meses se têm multiplicado e que estão na origem dos números de um relatório do Pentágono que indica que as baixas entre os soldados americanos estão a aumentar substancialmente, dificultando os argumentos dos EUA à mesa das negociações.
De acordo com números oficiais, são já mais de 2.400 os soldados norte-americanos mortos em combate no Afeganistão, desde 2001.
Analistas, como Stephen Biddle, professor de assuntos internacionais na Universidade de Columbia, consideram que o aumento de morte pode até levar Donald Trump a exigir a retirada integral das forças no Afeganistão, sabendo da sua falta de interesse no envolvimento do país em cenários de guerra desfavoráveis.
Contudo, as declarações de Donald Trump ao Washington Post denunciam que os conselheiros militares do Presidente o terão convencido a permanecer mais tempo no Afeganistão, eventualmente até com um reforço de meios físicos e humanos, até que os EUA fiquem numa situação mais forte à mesa das negociações com os rebeldes talibãs.
Em Genebra, hoje, o Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, pediu um encontro com diplomatas americanos, russos e de outros países, para tentar obter o apoio internacional ao seu governo.
Ao mesmo tempo, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, expressou esperança no fim “da guerra fratricida”, num sinal de sintonia com os interesses norte-americanos na região.
A guerra no Afeganistão já dura desde 2001, após a invasão pelos EUA, com apoio internacional, para tentar desmantelar as forças ligadas ao movimento terrorista Al-Qaeda.
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