Rússia e EUA acusam-se mutuamente de expandirem controlo militar no Ártico
Estados Unidos e Rússia não se entendem sobre o controlo do Ártico, depois de uma reunião em que os dois países se acusaram de quererem expandir a sua presença militar nessa zona estratégica.
No final da Cimeira do Ártico, que decorreu na quarta-feira em Reiquiavique, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, lembrou que Rússia e EUA cooperaram no passado sobre esta região, mas voltou a acusar a Rússia de estar a aumentar a sua presença militar e a expandir as suas ambições políticas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse hoje que o seu país está aberto a negociações e reconheceu que o diálogo contribuirá para a estabilidade na região, lembrando que também os EUA têm planos de reforço da sua posição militar no Ártico, pelo que essa componente deve estar presente no Conselho do Ártico.
“É importante estender as relações positivas que temos dentro do Conselho do Ártico, para abranger também a esfera militar, em primeiro lugar, revitalizando o diálogo multilateral sobre questões militares entre os estados-maiores dos países com presença no Ártico”, disse o chefe da diplomacia russa.
Contudo, Blinken já rejeitou os apelos russos para introduzir uma componente militar no Conselho Ártico e expressou preocupação com o aumento da atividade militar da Rússia na região.
Na quarta-feira, em reuniões sucessivas com ministros dos Negócios Estrangeiros de outros membros do Conselho do Ártico, Blinken referiu-se repetidamente à importância de “continuar a manter esta região como uma região de cooperação pacífica”.
“Estamos preocupados com algumas das recentes atividades militares no Ártico”, disse o chefe da diplomacia norte-americana.
Lavrov propôs ainda uma cimeira dos líderes do Conselho do Ártico, a ser realizada em algum momento durante a presidência de dois anos da Rússia, insistindo em que Moscovo está empenhado em promover a cooperação a todos os níveis na região.
Hoje, a Rússia assumiu a presidência rotativa do Conselho do Ártico, mas os Estados Unidos já anunciaram que estarão atentos à estratégia assumida por Moscovo, nomeadamente no que diz respeito à gestão das rotas marítimas na rota do Mar do Norte, que vai da Noruega ao Alasca.
Esta decisão reflete a preocupação crescente em Washington e entre alguns aliados da NATO sobre um aumento das atividades militares e comerciais russas no Ártico.
“Encorajamos todos a manter e a procurar o consenso no Conselho, para continuar a cooperação construtiva”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, dirigindo-se diretamente a Lavrov, no final da reunião de quarta-feira em Reiquiavique.
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