Produtor português vence pela segunda vez “Óscar” do documentário independente

O produtor português Paulo Ferreira foi distinguido pela segunda vez com um prémio no âmbito de um festival que decorre em Los Angeles, Estados Unidos, e que é considerado como os “Óscares” dos documentários independentes.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Ferreira, que venceu o galardão de melhor documentário curto na categoria de natureza no Hollywood International Independent Documentary Awards, referiu que recebeu a notícia “com surpresa, mas também entusiasmo” por ser “uma honra receber um prémio que valoriza quem trabalha de forma independente e tem coragem de arriscar”.

O produtor de Gondomar é técnico de informática e fotógrafo e dedica os tempos livres à exploração do ‘timelapse’, uma técnica que consiste em sequências de fotografia reproduzidas em vídeo com o tempo a apresentar-se de forma muito rápida.

Este segundo “Óscar” do documentário independente, que será entregue a 24 de março em Los Angeles, foi atribuído ao produtor português pelo trabalho “Patagónia – A Ponta do Mundo” que nasce de uma viagem pela Argentina e pelo Chile.

Em 2016, Paulo Ferreira já tinha vencido um prémio idêntico pelo documentário independente chamado “Nordlys – the northern lights” que versava sobre as auroras boreais, um fenómeno natural que só é possível visualizar em locais de pouca iluminação artificial, como é o caso das zonas acima do Círculo Polar Ártico.

“Este trabalho é o culminar de uma aventura que teve algumas dificuldades e estamos a falar de um festival internacional em Los Angeles que tem credenciais. Naturalmente que esta distinção dá mais força para continuar a fazer trabalhos”, disse Paulo Ferreira, confessando, aliás, que já está a pensar no próximo.

E acrescentou: “Estes trabalhos que tenho realizado fazem sentido porque a designação de natureza não existe. Deixou de existir porque não há quase nenhum ponto no mundo que não tenha mão humana. Estes documentários pretendem ser um alerta. Pretendo levar as pessoas a refletir nas alterações climáticas, nas questões ambientais, em tudo”.

O documentário “Patagónia – A Ponta do Mundo” nasceu depois de Paulo Ferreira ter realizado uma campanha de ‘crowdfunding’, na qual pediu cerca de metade do valor que necessitava para realizar o projeto (3.500 euros), sendo que o restante foi um investimento pessoal.

Contudo, um “azar” fê-lo disparar o orçamento em poucos dias: “A água de um glaciar engoliu-me uma câmara de perto de 4.000 euros. Pensei mergulhar e recuperá-la, pensei desistir, mas afinal consegui e agora posso mostrar estas maravilhas ao mundo com a expectativa de que percebam e respeitem este trabalho, esta visão e passem a mensagem”, descreveu.

Nos últimos 12 anos, Paulo Ferreira realizou vídeos focados no Parque de Natureza de Noudar, Parque Natural do Alvão, Parque Nacional da Peneda-Gerês, rio Douro Internacional, Marvão, Gondomar e Porto, sendo presença frequente em concursos nacionais e internacionais.

PYT // LIL

Lusa/Fim

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