Presidenciais: Ventura apedrejado por manifestantes em Setúbal, um detido

O candidato presidencial do Chega foi hoje apedrejado a saída de um comício no Cinema Charlot, em Setúbal, por algumas dezenas de manifestantes, na sua maioria cidadãos de etnia cigana.

O corpo de intervenção da Unidade Especial de Polícia da PSP, que estava destacado no local, foi obrigado a carregar sobre os manifestantes e dispersá-los, em ambiente de grande tensão.

Apesar de não haver informação de ferimentos graves, um repórter de imagem da TVI foi atingido num joelho. A PSP também deteve um dos indivíduos que protestaram contra a presença do presidente do partido da extrema-direita parlamentar e deputado da Assembleia da República, que tem tido um discurso radical contra minorias em geral, visando em particular a etnia cigana.

“A PSP, até ao fim, tentou, com muito bom senso e ponderação, evitar que isto acontecesse. Quando começaram a chover pedras, não havia outra hipótese se não dispersar aquela gente toda. Foi o que fizemos”, disse à agência Lusa o comandante distrital da PSP de Setúbal, Viola Silva, assumindo o uso dos bastões sobre os manifestantes, que empunharam muitos cartazes da ex-eurodeputada do PS e concorrente presidencial, Ana Gomes.

O responsável pelos cerca de 40 elementos policiais no local, incluindo o corpo de intervenção da Unidade Especial de Polícia, afirmou que a PSP teve de usar a força para dispersar os manifestantes.

“Se me estão a atirar pedras, como deve calcular, não lhes vou pegar por um braço. A PSP, no âmbito das regras do Estado de direito, teve de usar a força considerada necessária”, justificou.

A reportagem da agência Lusa testemunhou no local em volta da viatura que transporta Ventura na campanha uma garrafa de plástico com água, várias caixas de pastilhas elásticas cheias, um isqueiro e uma pedra da calçada atiradas do lado da manifestação contra a comitiva do Chega.

“A entrada do candidato correu mais ou menos bem. Foram só arremessados alguns ovos – não sei se vocês repararam ou se já lá estavam dentro. Na saída, como prevíamos, foram arremessadas pedras e objetos metálicos cortantes, tudo objetos que, se acertassem em alguém, podiam matar”, descreveu Viola Silva.

A concentração de ativistas começara bem antes da chegada da caravana do líder populista ao Cinema Charlot. Como tem sido hábito nas iniciativas deste concorrente a chefe de Estado foram audíveis palavras de ordem e gritos de “fascista” e “racista”. Os manifestantes exibiram também vários cartazes contra o presidente da força política da extrema-direita parlamentar.

As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal no domingo, sendo a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia. A campanha eleitoral começou no dia 10 de janeiro.

Há outros seis candidatos: o incumbente Marcelo (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (“Tino de Rans”, presidente do RIR – Reagir, Incluir, Reciclar).

HPG // JPS

Lusa/Fim

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