Ocidente “nunca reconhecerá” anexação de território ucraniano pela Rússia – EUA
Os Estados Unidos e os aliados “nunca reconhecerão” a anexação de território ucraniano pela Rússia, assegurou hoje o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
“Nós e muitos outros países deixamos isso claro. Nunca reconheceremos a anexação do território ucraniano pela Rússia”, realçou Blinken durante uma conferência de imprensa, depois de questionado sobre a realização, naqueles territórios controlados pelas forças de Moscovo, de referendos sobre a integração na Rússia.
O responsável pela diplomacia norte-americana salientou que os Estados Unidos e aliados irão retaliar com novas e “severas” sanções contra a Rússia.
Blinken falava ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, que, por sua vez, pediu um regresso do “diálogo” porque o conflito na Ucrânia “não é do interesse de ninguém”.
Mas o secretário de Estado norte-americano reforçou que a Rússia invadiu a Ucrânia, conquistou territórios e envolveu-se em ações malignas nesses territórios, forçando a população local a sair”.
“Depois levaram russos para lá, instalaram governos fantoches e organizaram referendos, manipulando o resultado para reivindicar que esses territórios pertencem à Rússia”, denunciou Antony Blinken.
O norte-americano frisou ainda que os Estados Unidos vão continuar a apoiar os esforços dos ucranianos para “reconquistarem” os territórios às forças russas.
A Rússia e as autoridades das regiões que ocupa na Ucrânia adiantaram hoje que o “sim” lidera na contagem dos votos, segundo os resultados preliminares do referendo de anexação denunciado pela comunidade internacional, indicaram três agências de notícias russas.
Segundo as agências Ria Novosti, Tass e Interfax, as autoridades de cada uma das quatro regiões ucranianas afirmaram que o “sim” conquistou entre 97 e 98 por cento dos votos, quando estão contados entre 20% a 27% dos boletins.
Em Kiev, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, afirmou já que os resultados dos quatro “referendos” orquestrados por Moscovo “não mudarão” as ações da Ucrânia face ao exército russo.
Os referendos sobre a adesão à Federação russa dos territórios ucranianos ocupados de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson terminaram hoje, segundo as autoridades pró-russas, mas serão objeto de discussão numa reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Ucrânia e a comunidade internacional afirmaram que não reconhecerão os resultados e a validade dos referendos.
Em 2014, a Rússia usou o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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