NATO “muito preocupada” com comportamento da Rússia

A Aliança Atlântica está “muito preocupada” com o comportamento belicoso da Rússia, sobretudo com a ocupação da Crimeia, a falta de cooperação e o desrespeito por tratados sobre mísseis, disse hoje a embaixadora dos Estados Unidos junto da NATO.

“Estamos todos preocupados – o Reino Unido e outros aliados – com as atividades da Rússia. Em primeiro lugar, ao tomar um país soberano, como na Crimeia e na Ucrânia. Isso é inaceitável. Esperemos que a Rússia abandone as partes da Ucrânia que tomaram”, disse a embaixadora Kay Bailey Hutchison, numa conferência telefónica com a imprensa, na qual a Lusa participou.

Os comentários da embaixadora norte-americana, antiga senadora pelo Partido Republicano, surgem um dia antes do arranque da reunião ministerial da NATO, que decorrerá até quinta-feira em Bruxelas.

No decorrer da reunião com os ministros da Defesa da Aliança, disse Kay Bailey Hutchison, o tema do novo posicionamento nuclear dos Estados Unidos estará em cima da mesa, tal como o da partilha de custos pelos países-membros, a modernização da Aliança e um novo relacionamento com a União Europeia.

No entanto, o novo planeamento estratégico nuclear norte-americano deverá ser o ponto quente do encontro, que serve de preparação para a futura Cimeira da NATO.

“O relatório sobre a revisão do posicionamento nuclear dos Estados Unidos será um dos temas em discussão na reunião ministerial. Basicamente [este novo posicionamento implica] modernizar e refrescar o nosso arsenal nuclear, ao mesmo tempo que assegura que estamos a cumprir as obrigações do novo [Tratado] START que temos para com outros países nucleares, incluindo a Rússia”, disse a embaixadora.

A diplomata garantiu que os Estados Unidos “não vão aumentar os números” de mísseis nucleares ou ogivas.

“Já atingimos as metas de compromisso do novo START e vamos manter esse compromisso, mas vamos garantir que as nossas armas nucleares estão prontas para cumprir os seus objetivos no futuro, porque a NATO é uma aliança de defesa nuclear e a América é um defensor da não-proliferação. Por isso temos de ter uma defesa na qual também somos uma ameaça”, advertiu Kay Bailey Hutchison.

Quanto ao tema da Rússia, considerada na nova estratégia dos EUA como a prioridade militar (a para da China) em vez do combate ao terrorismo, a embaixadora disse que Washington e os países da NATO esperam que Moscovo volte ao cumprimento do Tratado INF de 1987 (Tratado sobre Forças Nucleares de Médio Alcance).

“Esperamos que a Rússia volte ao cumprimento do Tratado INF, mas na verdade sabemos que não estão a cumprir. No que toca a não ter capacidades de mísseis balísticos de médio alcance, eles disseram que não o fariam. Os Estados Unidos estão a cumprir esse Tratado, a Rússia não está”, salientou.

A Rússia também “não tem sido uma ajuda noutras áreas nas quais os EUA gostariam de ver mais cooperação”, disse a embaixadora.

“Temos uma ameaça comum, que é o terrorismo, e no entanto eles não têm ajudado no Afeganistão, não têm ajudado com a Coreia do Norte, que agora testa armas nucleares e mísseis balísticos. Estamos todos muito preocupados com o comportamento da Rússia. Gostaríamos de ter uma boa relação com a Rússia, mas para isso vai ser preciso uma mudança de comportamento da Rússia e a vontade de voltar ao cumprimento dos muitos acordos que subscreveram”, disse Kay Bailey Hutchison.

NVI // VM

Lusa/Fim

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