Medidas adotadas em Portugal foram das mais rápidas da Europa
As medidas para contenção do surto do novo coronavírus adotadas em Portugal foram das rápidas na União Europeia (UE), ainda antes do registo da primeira morte, enquanto as restrições aplicadas em Itália, Espanha e França foram das mais tardias.
Os primeiros casos de covid-19 em Portugal (importados de Itália e Espanha) foram registados a 02 de março, quando já outros países europeus tinham dezenas ou centenas de infetados.
E só precisamente um mês depois de ter sido registada a primeira morte na Europa (de um turista chinês de em França), é que se verificou o primeiro óbito em Portugal, a 16 março passado, um idoso de 80 anos com outras patologias.
Mas foi ainda antes da primeira morte que o Governo português começou a adotar medidas de contenção do surto, começando logo com a suspensão de eventos com mais de 5.000 pessoas e dos voos para Itália, a 09 de março.
A 12 março, o executivo de António Costa decretou o fecho de todos os estabelecimentos de ensino públicos e privados, medida com efeito a partir de 16 de março, e também nessa altura começaram a ser encerrados outros espaços não essenciais, dada a declaração de estado de emergência em todo o país (em vigor desde as 00:00 de dia 19 de março), que trouxe ainda restrições à circulação.
A reação de Portugal à pandemia foi, assim, das mais rápidas da UE, acompanhada por países como República Checa e Áustria, que também implementaram medidas antes ou logo após a primeira morte por covid-19, de acordo com os dados recolhidos pela Universidade de Oxford sobre a resposta dos governos e sintetizados pelo jornal digital Político.
Em sentido inverso, Itália, Espanha e França foram dos que demoraram mais a reagir.
Em Itália, o país do mundo com mais vítimas mortais (13.915 óbitos em 115.242 casos confirmados até quinta-feira), o aumento de infeções foi repentino e agudizou-se a partir de finais de fevereiro. A primeira morte no país foi registada a 21 de fevereiro, um homem de 78 anos.
Mas as medidas das autoridades italianas chegaram tarde: só 12 dias depois do primeiro óbito é que os eventos foram suspensos e as escolas fechadas, isto já no início de março, e só 18 dias depois da primeira morte é que os estabelecimentos comerciais não essenciais foram encerrados, o mesmo tempo que demorou até surgirem restrições à circulação e nas fronteiras, segundo a Universidade de Oxford e o Político.
Em Espanha, o segundo país com maior número de mortes do mundo (10.935, entre 117.710 casos de infeção), a primeira vítima mortal foi registada a 03 de março e só seis dias depois é que o Governo espanhol suspendeu eventos no país.
O executivo de Madrid demorou, também, 11 dias (desde o primeiro óbito) a fechar escolas e estabelecimentos comerciais não essenciais e 12 dias a colocar restrições à circulação e nas fronteiras.
Já em França, o terceiro país da UE mais afetado (com 5.387 mortes e 59.105 casos), a primeira morte foi registada a 26 de fevereiro, um homem de 60 anos.
Depois disso, as autoridades francesas demoraram 15 dias a suspender eventos, 31 dias a encerrar escolas, 29 dias a fechar estabelecimentos não essenciais e 32 dias a colocar restrições à circulação, adiantam os dados da Universidade de Oxford e do Político.
Itália, Espanha e França estão agora em estado de emergência, com fortes medidas restritivas em vigor, como o confinamento obrigatório, a proibição de atividades desportivas no exterior (com exceções para alguns grupos populacionais e desde que perto de casa e de forma individual), a interdição dos eventos públicos e a restrição nas fronteiras.
Com números já expressivos de infeções e mortes, estes três países deverão estar perto ou a ultrapassar o pico da pandemia, segundo os especialistas.
Em Portugal, as mais recentes previsões das autoridades de saúde sobre a fase mais aguda da doença em Portugal apontavam para o mês de maio.
Com um total de 246 mortes e 9.886 casos (dados de hoje), o país está em estado de emergência até ao final do dia 17 de abril.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
O continente europeu, com cerca de 560 mil infetados e perto de 39 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos.
ANE // EL
Lusa/fim