Manifestações foram mais calmas mas aumentou o número de detidos

As manifestações pela morte de George Floydd estiveram mais calmas nas ruas dos EUA na última noite, mas em muitas cidades o recolher obrigatório não foi respeitado e aumentou o número de pessoas detidas.

Após ameaçar enviar as forças armadas para reprimir os protestos, o Presidente Donald Trump parece ter recuado, com a Casa Branca a declarar, nas últimas horas, que os governos estaduais devem ser capazes de restaurar a ordem, perante sinais de maior pacificação.

As ordens de recolhimento obrigatório e os fortes dispositivos policiais impediram que algumas cenas de violência nas ruas de diversas cidades, na noite passada, causassem mais danos.

Em mais de 150 cidades norte-americanas repetiram-se os protestos, mas as imagens de violência foram mais esparsas, apesar de as autoridades terem elevado para mais de 9.000 o número de pessoas detidas por distúrbios nas manifestações.

O Departamento de Defesa continua com planos de contingência e preparado para enviar forças militares para as zonas de maior violência, mas as informações recolhidas junto dos serviços policiais dos diversos estados revelam que as cenas de violência extrema das primeiras noites de protesto não se estão a repetir.

Várias cidades, incluindo Minneapolis, onde o afro-americano George Floyd foi morto, sob escolta policial, no passado dia 25 de maio, determinaram recolher obrigatório, que nem sempre foi cumprido, com a tolerância das forças policiais.

Também na capital, Washington, milhares de pessoas reuniram-se perto da Casa Branca, numa manifestação pacífica, mas acompanhada pelo olhar atento de polícias e agentes dos serviços secretos.

Quando um dos manifestantes arrancou um poste de iluminação urbana foi de imediato vaiado pelos restantes, que começaram a repetir a expressão “manifestação pacífica”.

Em Nova Iorque, onde também foi decretado o recolher obrigatório, depois das 19:00, milhares de pessoas permaneceram nas ruas, contestando a decisão, com a complacência das autoridades policiais e sem sinais de violência.

Em algumas cidades, como Los Angeles, Miami e St. Paul, registaram-se episódios em que responsáveis policiais conversaram com os manifestantes, revelando-lhes compreensão com os motivos dos protestos que se dirigem contra as atuações violentas das autoridades contra as minorias afro-americanas e dizendo estar disponíveis para aceitar reformas nos protocolos de segurança nas ruas.

Ainda assim, continuam em situação de prontidão mais de 20.000 membros da Guarda Nacional, em 29 estados, para a eventualidade de regresso de mais cenas de violência nas ruas.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Os quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em terceiro grau e de homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

RJP // FPA

Lusa

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