Lenny Kravitz quis honrar legado do movimento pelos direitos civis em nova canção

O cantor Lenny Kravitz quis honrar o legado do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos na sua nova canção “Road to Freedom”, que escreveu para o filme da Netflix “Rustin”, disse em Los Angeles. 

“Tive a sorte de crescer num momento muito vibrante e incrível do movimento”, afirmou o artista, num evento em que a Lusa participou. “Cresci numa família que me ensinou muito sobre direitos civis”, continuou. “A minha mãe era uma das pessoas que estavam a fazer esse trabalho nos anos sessenta”. 

Filho da atriz Roxie Roker, Lenny Kravitz ficou surpreendido ao perceber que não sabia muito sobre Bayard Rustin – o arquiteto da Marcha sobre Washington a 28 de agosto de 1963, onde Martin Luther King Jr. fez o célebre discurso “I have a dream”.

“O que me tocou foi perceber que sabia muito pouco sobre Bayard Rustin. E isso incomodou-me. Mas também acendeu um fogo em mim. As pessoas precisam de o conhecer”. 

É sobre esta figura que ficou esquecida, por ser um ativista abertamente gay numa altura em que isso era tabu e ilegal, que o filme da Netflix protagonizado por Colman Domingo se debruça. 

“Rustin”, realizado por George C. Wolfe, tem produção da companhia de Michelle e Barack Obama, Higher Ground.

Kravitz foi buscar a inspiração nas suas raízes para escrever uma canção em que “cada linha tinha mesmo de dizer algo importante”. 

“Começa por dizer que estamos aqui para tornar o sonho realidade, é o que temos de fazer continuamente”, explicou. “O sonho não é só sobre aquele tempo”, considerou. “A letra é sobre andar para a frente, sobre fé, trabalho e unidade”. 

A canção, trabalhada em Paris, inclui um coro gospel e uma sonoridade soul e ritmos e blues. Kravitz quis apontar para esses sons do sul no século passado ao mesmo tempo que chamou a atenção para o caráter intemporal da luta. 

“Estamos na estrada para a liberdade. A estrada é longa e árdua, e move-se de geração em geração”, afirmou. 

O movimento desencadeado após a morte George Floyd, em 2020, tem sido comparado com o movimento pelos direitos civis da década de 1960, a que o filme se reporta. 

“Por mais longe que tenhamos chegado, ainda há muito caminho a percorrer”, apontou o artista. “Isto é sobre o trabalho, a jornada, o continuar do processo”. 

Kravitz disse que o que o marcou mais foi perceber que Rustin fez algo extraordinário – na altura, a maior manifestação de sempre em favor dos direitos civis – e não só não teve o reconhecimento devido como não o procurou. 

“Foi alguém que fez algo monumental sem ser reconhecido, por ser alguém que não era aceitável naquele tempo”, descreveu, referindo que há mais histórias assim que foram esquecidas. 

“Não é pela recompensa, mas fizeram algo incrível. Aquele evento foi muito importante para o legado de Martin Luther King Jr., a marcha e o discurso que ficou para sempre nos nossos corações e mentes”.

O cantor disse que “Road to Freedom” é o seu contributo para corrigir o esquecimento a que Bayard Rustin foi sujeito.

A canção marca o regresso de Lenny Kravitz, que tem um álbum novo na calha, “Blue Electric Light”, com lançamento marcado para 15 de março de 2024.

ARYG // MAG

Lusa/Fim

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