Instrumentos cirúrgicos “made in Portugal” com patente aprovada nos EUA

O processo de registo da patente de um conjunto de instrumentos cirúrgicos desenvolvidos em Portugal e destinados ao tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo (STC) foi aprovado nos EUA, disse hoje o cirurgião-ortopedista Dinis Carmo, autor do projeto.

Dinis Carmo explicou que “a patente obtida nos EUA é o corolário do esforço inerente a um longo processo iniciado em 2010 e que nos últimos meses resultou na aprovação das patentes do ‘kit’ de instrumentos em mais de 20 países, espalhados por quatro continentes”.

“Neste momento, os instrumentos cirúrgicos estão já patenteados em 25 países, mas a patente alcançada nos Estados Unidos é, sem dúvida, a que se reveste de maior importância, pois a quase totalidade das companhias que se dedicam ao fabrico e comercialização de dispositivos médicos são norte-americanas e a maioria dos desenvolvimentos na área médica provêm desse país”, sublinhou.

A Síndrome do Túnel do Carpo é uma patologia caracterizada por dores, formigueiros e adormecimento a nível do punho, mão e dedos, manifestando-se sobretudo durante a noite, sendo os sintomas suficientemente fortes para despertarem o doente, impedindo o repouso.

Afeta, sobretudo, mulheres a partir dos 35 anos e o aumento do número de casos tem sido associado a atividades que implicam o uso repetitivo das mãos, como os teclados e os “ratos” dos computadores, tendo por isso já sido apelidada como uma “doença do século XXI”.

Os instrumentos e a técnica cirúrgica desenvolvida por Dinis Carmo para o tratamento desta patologia permitem a realização da intervenção cirúrgica sem cortes na palma da mão.

“Possibilita uma cirurgia mais segura, um período pós-operatório menos doloroso, uma recuperação mais rápida, menos efeitos secundários e reações adversas, bem como uma cicatriz esteticamente próxima da perfeição, uma vez que a mesma, efetuada a nível da prega palmar distal do punho, se torna praticamente indetetável após alguns meses”, afirmou o cirurgião.

Referiu ainda que, atualmente, além dos EUA, este ‘kit’ de instrumentos cirúrgicos “made in Portugal” está já patenteado no Japão, Austrália, China, Israel, Coreia do Sul, Canadá, México e em 17 países da União Europeia – Áustria, Bélgica, Dinamarca Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Mónaco, Holanda, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça e Reino Unido.

O processo de patente encontra-se “pendente” no Brasil e na Índia.

Com as patentes já asseguradas, seguem-se agora as fases da produção industrial, da certificação nos vários continentes e da distribuição comercial.

“Darei primazia à produção industrial dos ‘kits’ de instrumentos cirúrgicos em território nacional e temos já contactos avançados com vista à concretização desse objetivo”, disse Dinis Carmo.

O cirurgião-ortopedista prevê que o preço final de venda ao público de um conjunto descartável de instrumentos cirúrgicos de uso único ronde os 150 euros.

PM//LIL

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