EUA temem que operação turca na Síria coloque em risco luta contra o Estado Islâmico
Os Estados Unidos exprimiram hoje preocupação com o lançamento de uma operação militar turca na Síria contra milícias curdas, considerando que a intervenção coloca em risco a luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).
“Continuamos a lutar efetivamente, em conjunto com os nossos parceiros, para derrotar o EI dentro da Síria e não queremos ver nada que prejudique esses esforços”, referiu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, durante uma conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
O chefe da diplomacia norte-americana enfatizou que os EUA “se opõem a qualquer escalada [do conflito] na Síria”.
As Forças Democráticas Sírias (FSD), uma aliança armada liderada pelos curdos e apoiada pelos EUA, participam nas operações contra o EI.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou na semana passada uma nova operação militar no norte da Síria, para combater as milícias curdas e solicitou o apoio da NATO.
Erdogan não referiu datas específicas ou mais detalhes sobre a futura operação, embora num discurso este domingo, tenha sustentado que esta ofensiva pode acontecer “qualquer noite, de surpresa”.
O objetivo dos turcos é estabelecer uma “zona de segurança de 30 quilómetros” na fronteira com a Síria para combater as Unidades de Proteção do Povo (YPG), as milícias curdo-sírias que Ancara considera apenas um ramo local do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerada uma entidade terrorista também pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
De resto, o chefe de Estado turco estabeleceu como uma das condições para permitir a adesão da Suécia e Finlândia à NATO, que a Aliança Militar e os países nórdicos apoiem as suas “operações antiterroristas” contra os curdos.
Na conferência de imprensa com o secretário de Estado norte-americano, Jens Stoltenberg garantiu que vai convocar uma reunião em Bruxelas nos próximos dias, com altos funcionários da Suécia, Finlândia e Turquia, para resolver o veto de Ancara à entrada dos nórdicos na NATO.
Quer a Suécia, quer a Finlândia, insistem que tratam o PKK como uma organização ilegal, mas o governo turco considera que os países nórdicos não estendem essa classificação às YPG.
Ancara anunciou um veto aos pedidos de adesão à NATO, acusando os dois países nórdicos de abrigarem ou apoiarem militares curdos e outros que considera serem uma ameaça à sua segurança.
Outra das exigências por parte da Turquia é o levantamento do embargo de armas por parte dos dois países nórdicos.
Historicamente não-alinhados, Suécia e Finlândia há vários anos que colaboravam com a NATO, mas a invasão russa da Ucrânia levou os governos dos dois países a repensarem o seu posicionamento face à Aliança Atlântica.
Os 30 membros da Aliança Atlântica têm de estar de acordo para permitir novas entradas.
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