EUA enviam para casa argelino detido quase 20 anos em Guantánamo

Um argelino preso no centro de detenção de Guantánamo há quase 20 anos foi libertado e enviado de volta à terra natal, anunciou hoje o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA).

O Departamento de Defesa explicou que Sufyian Barhoumi foi repatriado com garantias do governo argelino de que seria tratado com humanidade e que medidas de segurança seriam impostas para reduzir o risco de que pudesse representar uma ameaça no futuro.

O Pentágono não deu detalhes sobre as medidas de segurança, que podem incluir restrições a viagens.

Barhoumi foi capturado no Paquistão e levado para a base dos EUA na Baía de Guantánamo, Cuba, em 2002. Os Estados Unidos acabaram por determinar que estava envolvido com vários grupos extremistas, mas não era membro da Al-Qaida ou talibã, de acordo com um relatório de um conselho de revisão na prisão que aprovou a sua libertação em 2016.

As autoridades dos EUA tentaram processar Barhoumi em 2008, mas o esforço foi abandonado devido a contestações legais à versão inicial do sistema de comissão militar criado pelo Presidente George W. Bush.

Nos últimos dias da presidência de Barack Obama, em janeiro de 2017, um juiz federal em Washington recusou-se a intervir na decisão do Pentágono de não repatriar Barhoumi, cujo advogado disse esperar que o cliente fosse libertado e que a família do prisioneiro havia começado a preparar-se para o seu regresso, incluindo comprando-lhe um carro e um pequeno restaurante para administrar.

O Departamento de Justiça disse que o então secretário da Defesa Ash Carter rejeitou a libertação de Barhoumi em 12 de janeiro de 2017, “com base numa variedade de preocupações substanciais, partilhadas por várias agências”, sem entrar em detalhes.

Barhoumi, que perdeu quatro dedos na explosão de uma mina terrestre no Afeganistão, ofereceu-se para se declarar culpado de qualquer acusação em 2012 na esperança de receber uma sentença fixa e voltar para perto da mãe idosa, de acordo com a sua advogada, Shayana Kadidal, do Center for Constitutional Direitos.

“O nosso Governo deve a Sufyian e à sua mãe anos das suas vidas de volta”, disse Kadidal. “Estou muito feliz por ele estar em casa com a família, mas sentirei muita falta do seu constante bom humor e empatia pelo sofrimento dos outros no ambiente totalmente deprimente de Guantánamo”, acrescentou.

O Governo de Joe Biden está a tentar novamente reduzir o número de homens detidos em Guantánamo como parte de um esforço mais amplo para fechar as instalações.

A libertação de Barhoumi eleva o total de detidos na base dos EUA em Cuba para 37 homens, incluindo 18 que foram considerados elegíveis para repatriação ou reinstalação num terceiro país.

AAT // LFS

Lusa/Fim

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