EUA admitem que regresso ao acordo nuclear com Irão será “muito difícil”

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse hoje que será “muito difícil” para os Estados Unidos regressar ao acordo nuclear com o Irão se as negociações em andamento se arrastarem.

“Chegará um momento em que, sim, será muito difícil regressar aos parâmetros estabelecidos pelo acordo”, disse o chefe da diplomacia dos EUA, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo francês, Jean-Yves le Drian.

Hoje, a França pediu a Teerão para tomar “decisões finais” para salvar o acordo nuclear, assinado em 2015 e do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente, em 2018, sob a presidência de Donald Trump, alegando falta de cumprimento dos compromissos.

“Esperamos que as autoridades iranianas tomem as decisões finais, sem dúvida difíceis, que permitirão a conclusão das negociações”, disse le Drian, referindo-se às conversações que decorrem em Viena.

Nessas negociações, os países que ainda permanecem no acordo – Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia – procuram mediar uma solução que permita o regresso dos Estados Unidos ao tratado, mas Teerão tem insistido na exigência de que os norte-americanos abdiquem primeiro das sanções que voltaram a impor desde 2018.

Ao chegar à Casa Branca, em janeiro, o Presidente Joe Biden anunciou a intenção de regressar ao acordo e as negociações foram retomadas em abril na capital austríaca entre os países signatários para definir o quadro para esse regresso, tendo a última ronda de conversações terminado no domingo.

Em Paris, Blinken – que viajou esta semana para a Alemanha, França, Vaticano e Itália, onde participará da cimeira ministerial do G20 – disse que há ainda “divergências relevantes com o Irão”, para o cumprimento do acordo nuclear de 2015, dando a entender que um regresso dos EUA está, para já, fora de questão, apesar de não querer fechar as portas às conversações diplomáticas.

Na quinta-feira, um funcionário do Departamento de Estado norte-americano disse que os EUA “não teriam aceitado uma sétima ronda de negociações se não acreditassem que um acordo seria possível”.

Mas Joe Biden também deixou claro que os Estados Unidos não voltarão ao acordo “se o Irão continuar a ter fábricas nucleares cada vez mais sofisticadas” ou “se tentar avançar noutras partes do seu programa nuclear que foram vetadas pelo acordo”.

Blinken, entretanto, esclareceu que “o Irão com armas nucleares, que terá muito em breve, é mais perigoso, porque poderá atuar na desestabilização da região”.

Por isso, hoje em Paris, o chefe da diplomacia francesa insistiu que “é hora de o Irão tomar decisões fortes e corajosas”, acrescentando que acredita que “há boa vontade para concluir um acordo”.

RJP // FPA

Lusa/Fim

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