Donald Trump diz que relatório Mueller tem testemunhos “montados”
Donald Trump considerou hoje a existência de testemunhos “montados” no relatório do procurador especial Robert Mueller, divulgado na quinta-feira, sobre as suspeitas de conluio entre a campanha do atual Presidente dos Estados Unidos e a Rússia, em 2016.
“As alegações que me visam feitas por certas pessoas no hilariante relatório Mueller, escrito por 18 democratas em cólera e irritados contra Trump, são montados de todas as peças e totalmente falsos”, escreveu Trump na sua página pessoal numa rede social.
Na quinta-feira, o Presidente norte-americano já se tinha defendido das revelações apresentadas no relatório sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais, segundo as quais Donald Trump pretendia demitir o procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação.
“Eu tinha o poder de acabar com toda essa caça às bruxas se quisesse, poderia ter demitido todos, até mesmo Mueller, se quisesse, optei por não o fazer”, escreveu Trump, na sua conta na rede social ‘Twitter’
O procurador especial Robert Mueller afirma no relatório sobre as suspeitas de ingerência russa que Donald Trump tentou influenciar a investigação para “restringir o seu alcance” e deu “respostas desadequadas” às perguntas que lhe foram feitas.
“O Presidente Trump reagiu negativamente à nomeação do procurador especial [Mueller]. Disse aos assessores que era o fim da sua presidência”, lê-se na versão do relatório divulgada hoje pelo Departamento de Justiça.
Donald Trump “tentou que o procurador especial fosse afastado e desenvolveu esforços para restringir a investigação e evitar a divulgação de provas da mesma, incluindo através de contactos públicos e privados com potenciais testemunhas”.
Estas passagens do relatório de Mueller foram divulgadas depois de o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, ter afirmando aos jornalistas que não há “provas suficientes” de obstrução à justiça da parte de Trump na investigação às alegações de ingerência russa na campanha presidencial norte-americana de 2016.
“Os esforços do Presidente para influenciar a investigação foram infrutíferos na sua maioria, mas isso deve-se sobretudo ao facto de as pessoas que rodeavam o Presidente se terem negado a executar ordens ou a aceitar os seus pedidos”, lê-se no relatório Mueller, de mais de 400 páginas.
O documento revela também que Mueller considerou “desadequadas” as respostas escritas que Trump lhe enviou em novembro passado no âmbito da investigação.
“Reconhecendo que o Presidente não aceitaria ser interrogado voluntariamente, considerámos a possibilidade de emitir uma notificação para testemunhar”, diz o relatório.
Mueller decidiu, no entanto, não o fazer, devido ao “custo de um litígio legal potencialmente longo” a que podia dar origem e porque considerou que já tinha “provas substanciais” sobre “a intenção e credibilidade” das ações de Trump.
O procurador especial analisou 10 episódios, entre os quais a reação de Trump à nomeação de Mueller, o afastamento do diretor do FBI James Comey e o relacionamento de Trump com o seu advogado pessoal Michael Cohen.
Segundo o documento, em maio de 2017, quando o então procurador-geral, Jeff Sessions, lhe disse que Mueller tinha sido nomeado, Trump encostou-se na cadeira e disse: “Oh, meu Deus. É terrível. É o fim da minha presidência. Estou f***!”.