Conversações militares de alto nível entre China e EUA após um ano de interregno

O chefe do Estado-Maior norte-americano, Charles Brown, falou hoje com o general chinês Liu Zhenli, indicou um porta-voz do Pentágono, após uma pausa de mais de um ano nas conversações militares de alto nível entre Washington e Pequim.

A China pôs termo a essas discussões para expressar o seu descontentamento com a deslocação de Nancy Pelosi a Taiwan, quando esta era ainda presidente da Câmara dos Representantes, câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos.

Os Presidentes chinês, Xi Jinping, e norte-americano, Joe Biden, acordaram, no entanto, retomar as conversações quando se reuniram em São Francisco, no mês passado.

O general Brown “falou da importância de trabalharem em conjunto para gerir de forma responsável a concorrência [entre os dois países], evitar erros de cálculo e manter linhas de comunicação claras e diretas”, indicou o porta-voz do chefe do Estado-Maior, Jereal Dorsey, num comunicado.

“Ele reiterou a importância de o Exército chinês se empenhar num diálogo de fundo para reduzir a probabilidade de mal-entendidos”, acrescentou.

Taiwan é um grande ponto de tensão entre as suas maiores potências económicas do mundo.

Pequim reivindica a ilha de 23 milhões de habitantes, desde 1949 liderada por um Governo seu adversário, próximo de Washington, e não desistiu ainda da ideia de recuperar a ilha, pela força se necessário.

As autoridades chinesas emitem regularmente advertências contra qualquer decisão dos Estados Unidos que possa ser interpretada como um apoio à independência formal da ilha.

As tensões entre Pequim e Washington acentuaram-se em 2023 com o caso do sobrevoo do território norte-americano por um balão meteorológico chinês. Os Estados Unidos denunciaram tratar-se de uma operação de espionagem, o que a China então negou.

O encontro entre a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o sucessor de Nancy Pelosi, Kevin McCarthy, bem como o anúncio de uma ajuda militar norte-americana à ilha contribuíram igualmente para uma crispação entre as duas potências.

“A retomada das comunicações regulares e de alto nível entre os dois Exércitos contribuirá para estabilizar as relações sino-norte-americanas”, sustentou no mês passado Bonny Lin, diretora do projeto China Power, no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, após o encontro Xi-Biden.

ANC // PDF

Lusa/Fim

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