Casal português de Cambridge faz passeio de bicicleta solidário em África
Um casal de portugueses residente em Cambridge, Inglaterra, parte este domingo para um passeio de bicicleta em África em que pretende sensibilizar e angariar dinheiro para ajudar crianças em países afetados por conflitos e pela epidemia de ébola.
Miguel Torres, programador informático, e Leonor Natário, técnica de farmácia, vão participar na segunda iniciativa deste tipo organizada pela organização sem fins lucrativos britânica Street Child, que providencia educação a crianças vulneráveis.
Após a chegada, por avião, em Freetown, na Serra Leoa, os 16 participantes seguem para a localidade de Bo, de onde vão começar a pedalar.
O percurso de cerca de 300 quilómetros será em quatro dias será feito em estradas de terra batida e alcatrão até ao destino, Robertsport, na Libéria.
Miguel Torres, um apaixonado por ciclismo, já fez incursões semelhantes, incluindo uma que atravessou cinco países europeus na altura do referendo sobre o Brexit, em 2016.
Durante uma feira relacionada com provas desportivas, teve conhecimento deste evento e desafiou Leonor, que, apesar de não ser uma ciclista convicta, aceitou para apoiar a causa.
Para o portuense, esta é “uma forma de visitar os sítios mais remotos destes países e ao mesmo tempo ajudar”.
Miguel, Leonor e os restantes participantes vão ter oportunidade de visitar alguns dos projetos da organização ao longo do percurso.
O casal português paga os custos da própria viagem e comprometeu-se ainda a tentar angariar 3.000 libras (3.400 euros) para doar à Street Child.
Este valor, referem, vai permitir que 50 crianças frequentem a escola durante um ano, pagar a 10 famílias para que possam manter seus filhos na escola, cobrir a remuneração de 10 professores por um ano e contribuir para a remodelação de duas escolas locais.
A página da campanha [https://wa-cycle-challenge-2018.everydayhero.com/uk/leonor-miguel-cycle-west-africa#] indicava que tinham conseguido cerca de 2.000 libras (2.270 euros).
Além do risco de contrair ébola, cuja epidemia na África Ocidental entre o final de 2013 e 2016 matou mais de 11.300 mortes a maioria dos quais na Libéria e na Serra Leoa, os portugueses enfrentam perigos como a malária e outras doenças e criminalidade.
“Vemos as coisas pela positiva e sabemos que a maioria das pessoas são boas”, adiantou, referindo que serão acompanhados por pessoal com formação médica e por polícia.
Residente no Reino Unido desde 2012, Torres aprecia este tipo de ações individuais de filantropia que são tão comuns na sociedade britânica e que são menos frequentes em Portugal.
“Este tipo de campanhas acaba por ter um contributo muito positivo para a sociedade e chega muitas vezes onde o Estado não chega. Por exemplo, o meu posto de trabalho é financiado por duas das maiores ONGs [organizações não governamentais] britânicas cujos fundos vêm maioritariamente destas campanhas”, explicou.
BM // PJA
Lusa/fim