Camões celebrado em Nova Iorque com exposições e encontro de investigadores da sua obra

Os 500 anos do nascimento de Luís de Camões vão ser celebrados em Nova Iorque, na Hispanic Society, em outubro, com uma exposição dedicada a edições raras, uma mostra didática e um simpósio sobre a dimensão global do poeta.

A iniciativa é promovida pela Fundação Gaudium Magnum e a Hispanic Society Museum and Library (HSML), que anunciaram hoje o programa, e reúne investigadores portugueses e norte-americanos em torno da obra de Camões, como os professores Isabel Almeida e Henrique Leitão, da Universidade de Lisboa, os responsáveis pelos departamentos de português das Universidades de Yale, Kenneth David Jackson, e de Harvard, Josiah Blackmore, o diretor do Centro de Estudos Portugueses do Queens College, José Miguel Martínez Torrejón, e o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, Joaquim Oliveira Caetano.

A exposição principal, “Metamorphoses: the shape of books and the fortune of texts” (“Metamorfoses: a forma dos livros e o desígnio dos textos”, em tradução livre), tem curadoria de Isabel Almeida, reúne edições raras relacionadas com Luís de Camões, todas anteriores a 1700, desenvolvendo-se em torno da difusão d’”Os Lusíadas” em Espanha e nas Américas, e será inaugurada em 01 de outubro, na Sorolla Gallery da Hispanic Society, onde ficará patente até 10 de novembro.

“O objetivo desta exposição é duplo. Em primeiro lugar, mostra a eloquência dos livros impressos, apresentando ‘Os Lusíadas’ tanto na escala monumental da edição de Faria e Sousa [do século XVII] como no pequeno formato da tipografia de [Pedro] Craesbeck”, ativo em Lisboa e Coimbra a partir do final do século XVI. “Em segundo lugar, permite perceber o legado do trabalho de Camões, destacando as traduções” dos anos de 1500 e de 1600, ao mesmo tempo que revela “formas da prática de censura durante estes períodos”, lê-se no ‘site’ da Hispanic Society.

“Ao longo dos séculos, o dinamismo da poética, as transformações da mundividência e, não menos, as circunstâncias políticas condicionaram (estimulando ou refreando) a projeção do poema heroico de Camões”, afirma a curadora, citada pelo comunicado da Fundação Gaudium Magnum, destacando porém que, “nos seus diversos modos ou géneros – épico, lírico, dramático e epistolar –, a obra de Camões é partícipe de relações literárias desenvolvidas a uma escala ampla”.

Esta exposição será acompanhada de uma mostra didática nos espaços exteriores da HSML, “Camões: Who are you?” (“Camões: Quem és tu?”), também com curadoria de Isabel Almeida, pensada para o público que desconhece o poeta português, tomando por base “Os Lusíadas” e “um dos temas centrais do poema: a sede insaciável da humanidade para o conhecimento”, segundo o texto de apresentação publicado no ‘site’ da Hispanic Society.

A inauguração das exposições, em 01 de outubro, será acompanhada pela realização do simpósio “Camões: No poet is an island” (“Camões: Nenhum poeta é uma ilha”), com o objetivo de demonstrar como o poeta português, “símbolo de um mundo em mudança, falou a todas as épocas”.

O encontro, que também contará com os professores José Muñoz, da Universidade de Nova Iorque, e Jo Ann Cavallo, da Universidade de Columbia, abordará assim “as relações culturais no século XVI e as principais contribuições dos pensadores humanistas e dos artistas europeus para a dinâmica cultural” do Renascimento.

“Palavra e Conhecimento Lírico de um Mundo em Mudança”, “A Pintura Portuguesa no Tempo de Camões” e questões levantadas pela sua obra são algumas das intervenções previstas no encontro, que discutirá ainda aspetos específicos dos textos do poeta, como a aproximação ao mito de Acteon e o encontro com Diana (“Camões reorganiza o crime e a pena”), “o conhecimento e a natureza em Camões” e “Os Lusíadas”, perante “a nova medida do mundo” que o Humanismo definia.

“O poeta mais famoso de Portugal anunciou o seu desejo de ser ouvido em todo o lado e desejou que Chronos, o ‘tempo devorador’, poupasse a sua obra”, lê-se no comunicado da Fundação Gaudium Magnum. “O objetivo desta celebração é mostrar que Camões é um símbolo de um mundo em mudança e que as suas palavras são dignas de atenção global.”

A presença de Camões na HSML tem apoio do Camões Instituto e da Embaixada de Portugal nos Estados Unidos.

MAG // TDI

Lusa/Fim

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