Blinken expressa a Abbas preocupação dos EUA pelo futuro dos palestinianos
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, manifestou hoje ao presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas, a preocupação dos Estados Unidos quanto ao futuro do povo palestiniano e apelou ao fim da escalada de violência com Israel.
“O que estamos a assistir agora é que o horizonte dos palestinianos está a diminuir quando deveria estar a expandir-se e isso é algo que tem de mudar”, afirmou Blinken, que se reuniu hoje com Abbas em Ramallah, na Cisjordânia, num contexto de agravamento do clima de tensão entre israelitas e palestinianos.
Nos últimos dias, pelo menos dois novos episódios de violência foram registados na região: um ataque armado contra uma sinagoga em Jerusalém Oriental e confrontos com o exército israelita durante uma missão num campo de refugiados na cidade de Jenin, na Cisjordânia. Nos dois casos, foram registadas várias mortes.
“Em primeiro lugar, acreditamos que é importante tomar medidas para diminuir a violência, para parar a violência, para reduzir as tensões e tentar criar as bases para um futuro mais positivo”, acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana, numa conferência de imprensa conjunta com o líder da ANP.
O secretário de Estado norte-americano insistiu na solução de dois Estados para o conflito como a única forma de israelitas e palestinianos obterem “democracia, oportunidade e dignidade” em igual medida.
Sobre essa questão, Blinken referiu que os Estados Unidos se opõem a “qualquer ação de qualquer uma das partes que torne esse objetivo mais ilusório, mais distante”.
Blinken pormenorizou uma série de políticas problemáticas, especialmente do Governo israelita, como a expansão e legalização de novos colonatos na Cisjordânia, demolições e despejos de casas e alterações do estatuto em lugares sagrados.
Nesse sentido, o representante norte-americano exortou ambas as partes a “condenar inequivocamente qualquer ato de violência, independentemente da vítima ou do atacante” e alertou para o perigo de “incitamento à intolerância e à violência”, sem fazer referências específicas.
O encontro de Blinken com o líder palestiniano na Cisjordânia ocupada é a última etapa de uma pequena digressão ao Médio Oriente, que começou domingo no Egito, continuou segunda-feira em Israel e terminará hoje na Cisjordânia.
Na segunda-feira, Blinken reuniu-se com o Governo israelita, em Jerusalém, onde destacou a necessidade de reduzir a escalada de violência na região, que, na semana passada, provocou mais de 20 mortos e desencadeou fortes medidas tanto do executivo israelita de direita chefiado por Benjamin Netanyahu como pela liderança palestiniana.
Hoje, em Ramallah, Blinken também fez referência à necessidade de fortalecer e reforçar a ANP como parte do processo para lançar as bases para um Estado palestiniano democrático e destacou a intenção dos Estados Unidos de “restabelecer” e “reconstruir” a relação com o Governo palestiniano.
Abbas, por sua vez, disse a Blinken que a ANP “responsabiliza o Governo israelita” pela recente escalada de violência na região e referiu que as ações de Telavive “minam a solução de dois Estados”.
Além disso, enfatizou que as decisões tomadas nos últimos dias – que incluem a interrupção da coordenação de segurança com Israel – visam “proteger os interesses” do povo palestiniano depois de “ter esgotado todas as vias” com o Governo israelita.
Nas relações bilaterais com Washington, e após vários anos de altos e baixos, o presidente da Autoridade Palestiniana manifestou vontade de “trabalhar em conjunto” com o apoio da comunidade internacional para “restaurar o diálogo político com o objetivo de acabar com a ocupação israelita”.
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