Biden considera inaceitáveis propostas dos republicanos sobre teto da dívida
O Presidente norte-americano, Joe Biden, considerou hoje inaceitáveis as propostas republicanas sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, mas admitiu ser ainda possível um acordo para evitar que o país entre em incumprimento.
“É tempo de a outra parte abandonar as suas posições extremas, porque muito do que já propuseram é simplesmente, francamente, inaceitável”, disse Biden na cidade japonesa de Hiroxima, no final da cimeira do G7.
Biden disse que ia falar diretamente com o líder republicano na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, durante o voo de hoje de regresso a Washington.
“Podemos encontrar um acordo”, afirmou, citado pela agência francesa AFP.
As negociações prosseguiram sem a presença de Biden, que viajou para Hiroxima para a cimeira do grupo das democracias mais desenvolvidas, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia.
Depois de Hiroxima, Biden deveria participar no Fórum das Ilhas do Pacífico na Papua Nova Guiné, na segunda-feira, a que se seguiria uma cimeira do Quad (Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão), na cidade australiana de Sydney, na quarta-feira.
No entanto, cancelou essas deslocações para regressar hoje mesmo aos Estados Unidos devido à crise sobre o teto da dívida.
Se democratas e republicanos não chegarem a um acordo, os Estados Unidos poderão entrar em incumprimento já em 01 de junho, com consequências potencialmente catastróficas para a economia norte-americana e mesmo mundial.
Biden admitiu, na conferência de imprensa em Hiroxima, que também está a considerar a possibilidade de utilizar a Constituição para evitar que o país entre em incumprimento do pagamento da dívida.
“Estou a analisar a 14.ª emenda”, disse, referindo-se ao artigo que estipula que “a validade da dívida pública dos Estados Unidos […] não deve ser questionada”.
Teoricamente, a aplicação deste artigo permite contornar a obrigação de aumentar o teto da dívida, embora esta interpretação seja muito controversa entre os juristas, segundo a AFP.
Os republicanos exigem a redução da despesa federal para os níveis de 2022, o que significa cortar 130 mil milhões de dólares (120 mil milhões de euros, ao câmbio atual) no orçamento.
A Casa Branca disse que os republicanos apresentaram uma proposta, na sexta-feira à noite, que “representava um grande passo atrás”.
A proposta “continha um conjunto de exigências partidárias extremas que nunca poderiam ser aprovadas pelas duas câmaras do Congresso”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, num comunicado.
Segundo a porta-voz, as dificuldades estão a ser colocadas por elementos do Partido Republicano próximos do ex-Presidente Donald Trump.
“Estão a ameaçar colocar a nossa nação em incumprimento pela primeira vez na nossa história”, afirmou.
McCarthy também disse na rede social Twitter, no sábado à noite, que “a Casa Branca deu um passo atrás nas negociações”.
“Infelizmente, a ala esquerda do Partido Democrata parece estar no comando, especialmente com o Presidente Biden fora do país”, lamentou.
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