Bibliotecário de Oxford desafia a escrever a políticos a reivindicar fundos para as bibliotecas

O diretor da biblioteca da Universidade de Oxford, Richard Ovenden, desafiou hoje o público a reivindicar dos políticos mais fundos para as bibliotecas e arquivos que considera uma infraestrutura da democracia e da liberdade.

“Escrevam aos vossos políticos e queixem-se que de eles não dão fundos suficientes para as bibliotecas e arquivos”, sugeriu hoje o diretor ‘Bodleian Library’, principal biblioteca de pesquisa da Universidade de Oxford, (Reino Unido), Richard Ovenden, durante uma conferência do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos.

Orador no Seminário Internacional “Riscos da Educação”, o bibliotecário falou sobre os riscos e desafios para as bibliotecas e arquivos, considerando-os “uma infraestrutura da democracia e da liberdade” que é essencial preservar.

As bibliotecas e os arquivos “são os locais onde a identidade das comunidades e das sociedades é preservada e celebrada”, sublinhou, vincando ser esta uma das cinco razões pelas quais defende, no seu livro “Queimar Livros – Uma História da Destruição do Saber”, a importância das bibliotecas públicas.

Num painel dirigido, sobretudo, a profissionais da educação o bibliotecário lembrou alguns dos ataques a bibliotecas e arquivos ao longo da história, exemplificando com a destruição de livros ordenada pelos nazis durante a segunda guerra mundial”.

“Imaginem ser um bibliotecário, chegar um soldado, apontar-vos uma arma e dizer-vos agora escolhe quais os livros que queres preservar, com a tua própria vida, e quais os que devem ser destruídos” desafiou, sublinhando o papel dos responsáveis das bibliotecas ao longo da história.

Responsável por uma biblioteca com 23 milhões de títulos, Richard Ovenden não hesitou em responder qual o livro que salvaria se um dia fosse colocado nesta situação: “um livro muito especial, escrito à mão por uma menina de 11 anos, que traduziu um texto de latim para inglês, e encadernou, em veludo, com bordados muito finos”.

O livro escolhido, explicou, “foi oferecido pela menina à madrasta, no dia de ano novo, há mais de 500 anos” e a menina, acrescentou, “era uma princesa que veio a tornar-se Isabel I”.

Na lista de livros a salvar incluiria ainda “1984”, de George Orwell, mas o que Richard Ovenden deixou bem claro que deve mesmo ser salvo são a bibliotecas nacionais de todos os países.

O Fólio – Festival Literário Internacional decorre em Óbidos, até ao dia 22, divido pelos capítulos Autores, Mais, Folia, Educa, Ilustra, BD e Boémia.

O programa integra 14 mesas de autores, 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições e 18 sessões de leitura e poesia na vila.

DA // VM

Lusa/Fim

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