Administração Trump admite lei de imigração que atribui cidadania para milhares de jovens
A administração Trump admite uma legislação de imigração que inclua um caminho para a cidadania para centenas de milhares de jovens, disse a secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos, frisando que nenhuma decisão sobre a matéria foi tomada.
O Congresso considera três opções, incluindo a cidadania ou ‘estatuto legal’ permanente para as pessoas temporariamente protegidas da deportação, disse Kirstjen Nielsen, numa entrevista.
Os detalhes sobre a qualificação para a cidadania, incluindo sobre o tempo de espera, entre outros requisitos, terão ainda de ser resolvidos, acrescentou.
Questionada sobre se o Presidente apoiaria a cidadania, a responsável afirmou: “Eu acho que ele está aberto a ouvir as diferentes possibilidades e o que isso significa, mas, a meu ver, não houve nenhuma decisão da Casa Branca”.
Em setembro, o Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não consideraria a cidadania para os beneficiários da DACA – um programa da era de Obama que Trump considerou no ano passado que estava encerrado, dando ao Congresso até março para entregar uma solução legislativa.
As opções consideradas pelo Congresso incluem a residência permanente, a residência por um certo período de tempo – talvez três ou quatro anos, sujeito a renovação – e a cidadania, afirmou Nielsen.
“Será interessante ver onde (o Congresso) pode sentir-se confortável com o que consideram uma solução permanente, mas a ideia é que nos afastemos do estatuto temporário”, disse.
Em outubro, o Presidente apresentou aos líderes do Congresso com uma longa lista de exigências para acompanhar a proteção dos destinatários da DACA.
Nielsen disse que esperava que a Casa Branca e o Congresso pudessem chegar a um acordo que inclua o reforço das regras de imigração. A responsável afirmou ainda que construir um muro ao longo da fronteira do México era a primeira e mais importante medida e que a administração queria acabar com as “lacunas” em questões que incluem o tratamento de pedidos de asilo e a colaboração entre a polícia local e as autoridades de imigração.
“Eu continuo otimista. Você deve ser (…). “É muito importante. O povo americano disse que queria. Acho que devemos encontrar um terreno comum. A dificuldade está nos detalhes”, afirmou.
A secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos disse também que ela e outros altos funcionários do governo discutiriam um possível acordo com os membros do Congresso ainda esta semana e que o presidente o levaria a uma reunião, hoje , com líderes do Congresso sobre prioridades legislativas para 2018.
A responsável falava horas depois de o Presidente dos EUA ter criticado os democratas por “não fazerem nada” para proteger os destinatários da DACA.
Nielsen, que visitou protótipos do muro fronteiriço proposto por Trump em San Diego, disse que o Presidente pediria 1,6 mil milhões de dólares no próximo ano pela barreira, além dos 1,6 mil milhões que este ano pretende para construir ou substituir 118 quilómetros na Califórnia e no Texas.
“É um adiantamento”, disse. “Não vai dar para todo o muro, mas é um começo”, acrescentou.
Trump encontrou uma rígida oposição democrata ao muro, uma promessa de campanha central. A barreira cobre atualmente 1.046 Km, cerca de um terço da fronteira, grande parte dela construída durante a presidência de George W. Bush.
Nielsen considerou que a resolução de algumas “lacunas” também era uma prioridade, apontando as recusas por parte de uma polícia local para honrar os pedidos das autoridades federais para deter ilegalmente pessoas no país, as proteções legais especiais para crianças não acompanhadas que entram ilegalmente no país e não são do México ou do Canadá e os critérios para uma triagem inicial sobre pedidos de asilo.
A responsável disse acreditar que qualquer proteção permanente para os beneficiários do DACA deveria ser limitada às centenas de milhares que se qualificaram durante os três anos em vigor e que deveria incluir permissão para trabalhar.
Nielsen enfrenta um prazo, até segunda-feira, sobre o prolongamento da permissão para cerca de 200.000 salvadorenhos permanecerem no país temporariamente, uma medida que é destinada a proteger os estrangeiros que fogem de desastres naturais.
“Conseguir-lhes uma solução permanente é um plano muito melhor do que permitir-lhes ficarem por seis meses, 12 meses ou 18 meses”, afirmou.
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Lusa/fim