Administração da Bordallo Pinheiro acusa autoridades de inércia no combate à contrafação

A empresa Bordallo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, distrito de Leiria, acusoa as autoridades portuguesas de inércia no combate à contrafação, reagindo à polémica com a estilista norte-americana que tem à venda peças de louça semelhantes às suas.

Em declarações à Agência Lusa, Nuno Barra, administrador da Bordallo Pinheiro, disse que “não se sente que as marcas estejam protegidas internamente”.

“Se Portugal não se dá ao respeito internamente de impor as regras e de controlar as regras, como é que podemos exigir que os outros façam aquilo que nós não fazemos (…). Portugal tem que bater o pé e pôr ordem na casa”, disse Nuno Barra.

O administrador reagiu assim à polémica com a estilista norte-americana Tory Burch que tem estado a ser fortemente criticada nas redes sociais por ter à venda “cópias” de produtos tradicionais portugueses, incluindo uma coleção de peças de cerâmica semelhantes às loiças produzidas na fábrica das Caldas da Rainha.

“São peças muito inspiradas em Bordallo Pinheiro para não dizer cópias. Elas não são exatamente iguais, mas são muito parecidas”, disse Nuno Barra.

O administrador adiantou que a empresa vai “tomar algumas diligências para proteger a marca”, acrescentando que ainda estão a analisar a situação, mas garante estar mais preocupado com o que se passa no mercado interno, onde diz que a situação está “completamente descontrolada”.

“Todos os meses temos problemas por causa da contrafação. Isto causa problemas de concorrência desleal entre os clientes retalhistas que nos compram o produto e causa distúrbios junto do cliente final, porque aparecem peças que são misturadas com Bordallo e o cliente final muitas vezes é enganado e não sabe o que é que está a comprar”, afirmou.

Nuno Barra referiu que há mais de um ano a empresa queixou-se à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e ao Ministério Público (MP), que “são quem garante a proteção das marcas e da propriedade intelectual em Portugal”, e até agora não viram nada a acontecer.

“Internamente tem que haver regras e tem que haver atuação. Quando uma marca se queixa de contrafação, um ano e meio depois, alguma coisa tem de se passar”, sublinhou, adiantando esta situação é “altamente prejudicial” e dificulta o processo de recuperação da empresa.

A polémica com Tory Burch surgiu depois de a estilista ter incluído na sua coleção uma ‘cópia’ da tradicional camisola poveira, peça de vestuário típica da comunidade piscatória local, inicialmente promovida com uma peça de inspiração mexicana.

O Estado Português, através do Ministério da Cultura, já anunciou entretanto que pretende acionar meios judiciais para defender a camisola poveira enquanto património cultural português.

Pressionada pela atenção mediática que, entretanto, se gerou, a ‘designer’ admitiu o erro, alterou a descrição da peça de vestuário que está a venda no ‘site’ por 695 euros, e nas redes sociais deixou um pedido desculpas pelo sucedido, comprometendo-se a estabelecer um protocolo com o município poveiro para apoiar as artesãs locais.

JDN (JPYG) // MSP

Lusa/Fim

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