Biden apresenta orçamento com forte aumento de impostos para os mais ricos

O Presidente dos EUA, Joe Biden, apresentou hoje a sua proposta de orçamento, que dificilmente passará no Congresso, sobretudo pelo forte aumento de impostos sobre os mais ricos.

Uma das propostas que pode colocar dificuldades de aceitação junto da maioria Republicana na Câmara de Representantes é a de criar um imposto de pelo menos 25% para os 0.01% mais ricos dos norte-americanos.

A Casa Branca chama-lhe “imposto mínimo sobre bilionários” e a ideia é ajudar a aumentar a receita fiscal através dos mais ricos, para poupar o rendimento do trabalho.

Ao mesmo tempo, as grandes empresas multinacionais com rendimentos em países estrangeiros passam a pagar 21% de impostos, contra os 10,5% que pagam até agora.

O Governo estima que estas medidas possam aumentar as receitas fiscais em cerca de cinco biliões de dólares (cerca de 4,7 biliões de euros), dando uma contribuição para o objetivo de diminuir o défice orçamental em cerca de três biliões de dólares (cerca de 2,8 biliões de euros).

Biden também quer reverter os incentivos fiscais decretados pelo seu antecessor, Donald Trump; por exemplo, pessoas que ganham mais de 400.000 dólares (cerca de 380.000 euros) por ano nunca pagarão mais de 39,6% de imposto.

Na área militar, o orçamento prevê um aumento de despesa que o Governo de Biden já tinha justificado perante as ameaças globais, em particular por causa das ambições da China, considerado o grande rival dos Estados Unidos.

O Pentágono passa a receber 842 mil milhões de dólares (cerca de 800 mil milhões de euros) para modernizar o seu arsenal nuclear e há uma proposta para um aumento salarial de 5,2% para os militares.

Ainda a pensar nos riscos que a China coloca no Pacífico, o orçamento prevê cerca de sete mil milhões de dólares (cerca de 6,4 mil milhões de euros) para acordos militares com três países insulares nessa região.

Na área da Saúde, Biden propõe auxiliar o financiamento do programa Medicare através da negociação do custo dos medicamentos prescritos e aumentar a participação das pessoas com maiores rendimentos, de 3,8% para 5%.

O orçamento inclui ainda mais de sete mil milhões de dólares (cerca de 6,6 mil milhões de euros) em ajuda a refugiados, incluindo crianças não acompanhadas, bem como outro tanto num fundo de emergência para lidar com o problema de forma ampla.

O orçamento hoje apresentado cumpre ainda uma promessa eleitoral de Biden, de reforçar o investimento na investigação contra o cancro, alocando 2,8 mil milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de euros) para essa meta.

O Presidente Biden falará dentro de algumas horas numa intervenção a partir de Filadélfia, mas as reações do Partido Republicano já se fizeram ouvir e fazem antever a rejeição deste orçamento.

O congressista Republicano Jodey Arrington, Presidente do comité de orçamento da Câmara de Representantes, criticou o documento dizendo que ele é “mais do mesmo, mais da mesma burocracia inflacionada às custas das famílias trabalhadoras”.

Também o líder da maioria Republicana na Câmara, Kevin McCarthy, disse que este orçamento “não é sério”, acusando Biden de “propor biliões em impostos que as famílias terão de pagar”.

“Washington tem um problema de gasto. Não tem um problema de receitas”, escreveu McCarthy na sua conta na rede social Twitter.

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Lusa/Fim

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