Blinken acusa Rússia de atos “atrozes” na Ucrânia
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou hoje a Rússia de agir de forma “atroz”, após a descoberta de centenas de cadáveres enterrados à pressa perto de Izium, na Ucrânia, referindo potenciais crimes de guerra.
A Rússia está a agir de “forma atroz, e isso vê-se repetidamente de cada vez que a onda russa se retira de partes de territórios que ocupou na Ucrânia. Vê-se o que ela deixa no seu rasto”, declarou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos à imprensa.
“E esta última descoberta de aparentemente mais de 440 sepulturas em Izium vem recordar-nos disso”, acrescentou.
Blinken instou as autoridades ucranianas a documentarem essas atrocidades, sublinhando que “em muitos casos, tratar-se-á de crimes de guerra”.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky disse hoje que “mais de 400 cadáveres” tinham sido encontrados numa vala comum perto de Izium, cidade recentemente recuperada aos russos pelo exército ucraniano.
Falando numa conferência de imprensa, Antony Blinken comentou também que a Rússia está sob “pressão”, após as preocupações expressas por Pequim e Deli sobre o conflito.
“Penso que o que estamos a ouvir da parte da China e da Índia reflete as preocupações de todo o mundo quanto ao impacto da agressão da Rússia à Ucrânia, e não só as do povo ucraniano”, afirmou o secretário de Estado norte-americano.
“Creio que isso aumenta a pressão sobre a Rússia para pôr fim à sua agressão”, acrescentou.
Os líderes indiano e chinês expressaram ao Presidente russo, Vladimir Putin, as suas preocupações, à margem de uma cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) em Samarcanda, no Uzbequistão.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse hoje a Putin que vivemos um tempo “que não é de guerra”, segundo imagens transmitidas pelas televisões.
No dia anterior, Putin reconhecera que a China, principal aliada de Moscovo, lhe tinha transmitido as suas “preocupações” em relação ao conflito na Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 205.º dia, 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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