Pandemia e morte de George Floyd monopolizam os Prémios Pulitzer

Os trabalhos jornalísticos em torno da pandemia do coronavírus e da morte do afro-americano George Floyd monopolizaram os prestigiados Prémios Pulitzer.

“O ano 2020 foi como nenhum outro na história do jornalismo. As organizações noticiosas da nação enfrentaram a complexidade da cobertura ‘back-to-back’ de uma pandemia global, um ponto de viragem racial, e uma eleição presidencial extremamente disputada”, disse a copresidente do conselho de administração do Prémio Pulitzer Mindy Marques, num vídeo publicado no website da organização.

No caso do prémio de Serviço Público, o mais prestigioso dos 21 prémios, o júri considerou o The New York Times merecedor do prémio deste ano pela sua cobertura da pandemia de covid-19, por “ter exposto desigualdades raciais e económicas nos Estados Unidos e não só”.

Para o júri dos prémios, o jornal, que acompanhou mortes e infeções com um sistema de dados constantemente atualizado, “preencheu uma lacuna de informação e ajudou os governos locais, prestadores de cuidados de saúde, empresas e indivíduos a estarem mais bem preparados”.

Entretanto, o prémio de notícias de última hora foi para o jornal local Star Tribune em Minneapolis, Minnesota, pela sua cobertura da morte de Floyd às mãos de um polícia e da consequente onda de protestos antirracistas e contra a violência policial que se seguiu.

Já o fotógrafo espanhol da Associated Press (AP) Emilio Morenatti recebeu o prémio na categoria de fotojornalismo por “uma série de fotografias em movimento que transporta o público para a vida dos idosos em Espanha que lutam contra a pandemia do coronavírus.

Por outro lado, o prémio de melhor fotografia de última hora foi para a equipa de fotografia da Associated Press, “para uma coleção de fotografias de múltiplas cidades dos EUA que refletiam de forma coesa a resposta da nação à morte de George Floyd”.

Vários meios de comunicação social regionais foram reconhecidos este ano, incluindo o Boston Globe pelo trabalho jornalístico de investigação de cinco dos seus repórteres ao revelarem “uma falha sistemática dos governos estaduais em partilhar informações sobre condutores de camiões perigosos”, o que levou a reformas imediatas no sistema.

Além disso, a organização sem fins lucrativos de jornalismo The Marshal Project, AL.com (Birmingham), IndyStar (Indianapolis), e o Invisible Institute (Chicago) receberam o prémio nacional de jornalismo por um ano de investigação sobre as unidades caninas e “os cães da polícia que causam danos aos norte-americanos, incluindo civis inocentes e agentes da polícia”, o que levou a várias reformas.

Três jornalistas do portal de notícias Buzzfeed, entretanto, receberam o prémio internacional de jornalismo por um grupo de artigos que utilizaram imagens de satélite e conhecimentos de arquitetura, juntamente com dezenas de entrevistas, para identificar uma nova infraestrutura construída pelo Governo chinês para a detenção em massa de cidadãos muçulmanos.

Na literatura, o prémio de ficção foi para Louise Erdrich por “The Night Watchman”, o de Drama para Katori Hall por “The Hot Wing King”, o de poesia para Natalie Diaz por “Portcolonial Love Poem”, e de música para Tania Leon por “Stride”.

Este ano, os Prémios Pulitzer foram anunciados dois meses mais tarde do que o habitual (são normalmente anunciados em meados de abril) para permitir que os jurados se reunissem pessoalmente para deliberar.

MIM // MIM

Lusa/Fim

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