Covid-19: Portugueses na África do Sul entregam de 21 toneladas de alimentos para combater fome
A comunidade portuguesa na África do Sul entregou hoje 21 toneladas de alimentos ao Governo sul-africano para ajudar no combate à fome na província de Gauteng, a mais afetada pelo novo coronavírus no país.
“Gostaria de agradecer aos centros de distribuição alimentar do Governo pelo seu profissionalismo, e a todos os nossos agricultores que contribuíram com o que podiam, tivemos também empresários que hoje se encontram em dificuldades, mas que assistiram no espírito ‘Ubuntu'” (“humanidade para com os outros” num dos dialetos nacionais), disse o líder comunitário português Manny Ferreirinha.
O dirigente lusodescendente, que falava na entrega da assistência alimentar, explicou que as 21 toneladas fazem parte de uma iniciativa solidária que recolheu, nos últimos seis meses, um total de 700 toneladas de alimentos, tendo sido entregues 400 toneladas ao Governo provincial, em Gauteng, e as restantes toneladas distribuídas pela comunidade portuguesa na África do Sul.
A iniciativa solidária foi organizada pela ONG Fórum Português na África do Sul, que tem facilitado a distribuição de ajuda alimentar a centenas de pessoas desde o início do confinamento de contenção da Covid-19 em 27 de março.
Além dos agricultores, a iniciativa solidária ‘Food Drive’ contou ainda com o apoio de empresários e retalhistas portugueses na província de Gauteng, motor da economia nacional, e cerca de 20 associações de ajuda social.
Nesse sentido, o governo provincial de Gauteng montou cinco centros sociais de recolha e distribuição direta de alimentos às famílias mais carenciadas na província que é a mais populada do país com cerca de 15,5 milhões de habitantes.
Desde o início da pandemia da covid-19 em março, as autoridades sul-africanas distribuíram pelo menos 650.000 parcelas de alimentos, em Gauteng, disse hoje à Lusa fonte do governo provincial.
Na sua intervenção, a ministra de Desenvolvimento Social de Gauteng, Morakane Mosupyoe, destacou a importância da inciativa desenvolvida nos últimos meses pelo Fórum Português, sublinhado que “a pandemia abriu-nos os olhos para o nosso humanismo”.
“O Fórum Português é uma das organizações que assegurou o sucesso da nossa iniciativa de segurança alimentar, não é primeira vez que o fazem, (?) e estamos muito gratos por ter o Fórum como parceiro”, salientou a governante sul-africana.
“Quero garantir-vos que pretendemos agora desenvolver ainda mais esta parceria no futuro”, declarou Morakane Mosupyoe, destacando o empreendedorismo jovem e o apoio ao empresariado local entre as principais áreas de cooperação.
“A cultura portuguesa é muito rica e é uma das culturas que acho que devemos valorizar, não apenas a parceria, mas como um povo, trabalhando juntos”, frisou.
Na cerimónia de hoje de entrega da assistência alimentar estiveram ainda Cidália Jordão Olivier, que preside à Liga da Mulher do Fórum Português; Mbali Ndlovu, diretora dos Centros Sociais do Governo de Gauteng; Manuel Grainha do Vale, em representação da embaixada de Portugal em Pretória; a cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Graça Fonseca; e o conselheiro da diáspora madeirense José Luís da Silva, além de vários empresários e agricultores.
A província sul-africana de Gauteng, é a mais afetada pelo novo coronavírus com 405.035 casos de covid-19 (26,7%) e níveis de pobreza extrema alarmantes.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 50.271 mortos na África do Sul e infetou mais de 1,5 milhões de pessoas, segundo as autoridades da saúde.
No âmbito da primeira fase do programa de vacinação, iniciado em 17 de fevereiro, pelo menos 76.037 funcionários da saúde receberam a vacina da farmacêutica Johnson & Johnson contra a covid-19.
CYH // PJA
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