78.ª edição dos Globos de Ouro criticada pela falta de diversidade

A 78ª edição anual dos Globos de Ouro, os prémios de cinema e televisão da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), ficou marcada pelas críticas à falta de diversidade nas nomeações.

Com as celebridades em casa por causa da pandemia de covid-19, a cerimónia realizou-se de forma virtual, entre Los Angeles e Nova Iorque, e as apresentadoras não ignoraram a controvérsia.

“Há muito lixo vistoso que é nomeado”, disse a comediante Amy Poehler, que voltou a fazer dupla com Tina Fey na apresentação da cerimónia.

“Toda a gente está compreensivelmente chateada com a HFPA e as suas escolhas”, afirmou Poehler, referindo-se às críticas dirigidas à Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, responsável pelos Globos de Ouro, por ter ignorado obras relevantes do último ano escritas, realizadas ou protagonizadas por afro-americanos.

“Todos sabemos que as cerimónias de prémios são estúpidas”, acrescentou Tina Fey. “A questão é que, mesmo com coisas estúpidas, a inclusão é importante e não há negros entre os membros da Associação da Crítica Estrangeira em Hollywood”, afirmou, instando a organização a fazer mudanças.

Entre as críticas feitas à HFPA, está a ausência de nomeações para as séries da HBO “I may destroy you” e “Insecure” e para o filme de Spike Lee “Da 5 Bloods”.

Outros filmes considerados potenciais candidatos aos Óscares, como “Ma Rainey: A mãe do blues”, de George C. Wolfe, “One Night in Miami” e “Judas and the Black Messiah”, ficaram ausentes das categorias mais apetecíveis, como Melhor Filme.

Os maiores prémio da noite foram para “Nomadland – Sobreviver na América”, com a realizadora Chloé Zhao a tornar-se na primeira mulher de origem asiática a obter o Globo de Ouro para Melhor Realização, num filme que também foi considerado o Melhor Drama.

“Borat 2” levou a estatueta de Melhor Filme na categoria de Comédia ou Musical e Sacha Baron Cohen venceu o Globo de Ouro para Melhor Ator em comédia ou musical.

Ainda assim, houve alguns vencedores afro-americanos no evento: Andra Day, Melhor Atriz em Drama por “The United States vs. Billie Holiday”, Daniel Kaluuya, Melhor Ator Secundário em filme por “Judas and the Black Messiah”, John Boyega, Melhor Ator Secundário em televisão por “Small Axe”, e Chadwick Boseman, falecido em 2020, que obteve um prémio a título póstumo como Melhor Ator em Drama pelo filme “Ma Rainey: A mãe do blues”.

A HFPA, que nas últimas semanas foi alvo de polémica, na sequência de uma investigação do LA Times, questionando a relevância e credibilidade da associação e revelando que há membros da associação a receber remunerações avultadas, comprometeu-se durante a cerimónia a melhorar a diversidade entre os seus membros.

Esta mensagem foi ampliada por Jane Fonda, que recebeu o prémio de carreira Cecil B. deMille e destacou no seu discurso de agradecimento a importância da diversidade de histórias contadas por Hollywood.

“Há uma história que temos tido medo de ver e ouvir sobre nós nesta indústria. Uma história sobre quais as vozes que respeitamos e elevamos e quais as que desligamos”, afirmou a atriz.

“Vamos todos fazer um esforço para expandir a ‘tenda’, para que toda a gente seja elevada e as suas histórias tenham oportunidade de serem vistas e ouvidas”, apelou, afirmando que a arte não só caminha a par da História como também a tem liderado.

O discurso de Fonda foi um dos poucos com mensagens políticas, num evento em que os vencedores se concentraram nos sorrisos, lágrimas e agradecimentos profusos.

Em termos de televisão, ficaram em destaque as séries da Netflix “The Queen’s Gambit”, que venceu o prémio para Melhor Minissérie e deu a Anya Taylor-Joy o galardão de Melhor Atriz; e “The Crown”, vencedora de quatro Globos de Ouro, incluindo para Melhor Série Dramática.

A série sobre a vida da família real britânica obteve ainda o prémio para Melhor Atriz em série dramática (Emma Corrin), Melhor Atriz Secundária em série dramática (Gillian Anderson) e Melhor Ator em série dramática (Josh O’Connor).

Jodie Foster venceu na categoria de melhor atriz secundária, pelo filme “The Mauritanian”, e Rosamund Pike levou a estatueta de Melhor Atriz em comédia ou musical por “I Care a Lot”.

Aaron Sorkin venceu o prémio de Melhor Argumento, com “Os 7 de Chicago”, enquanto “Soul”, da Pixar, obteve o prémio para Melhor Animação em Longa-Metragem.

A Melhor Série de Comédia foi “Schitt’s Creek”, que também deu a Catherine O’Hara o galardão de Melhor Atriz em série de comédia ou musical.

“Ted Lasso” deu uma vitória à Apple, com a estatueta de Melhor Ator em série de comédia ou musical para Jason Sudeikis, e “I know this much is true” coroou Mark Ruffalo com o Globo para Melhor Ator em minissérie ou filme para televisão.

ARYG // PTA

Lusa/Fim

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